
Dezenas de pessoas fizeram na tarde desta terça-feira (29 de novembro) uma manifestação em frente ao 1º Distrito Policial, em Curitiba, onde estava previsto o depoimento do homem flagrado por câmeras de monitoramento atacando o artista Odivaldo Carlos da Silva, o Neno, na semana passada. A agressão ocorreu na Rua Dr. Faivre, no centro da Capital.
O grupo de manifestantes pede a prisão do suspeito, alegando que as provas, como as imagens de vídeo, já deveriam ser suficientes para embasar a detenção preventiva do agressor. No mesmo dia em que agrediu Neno, o suspeito, identificado como Paulo Bezerra, também foi flagrado agredindo uma outra pessoa. Além disso, em 2019, no bairro Santa Felicidade (também em Curitiba), Bezerra agrediu outra pessoa com um pedaço de metal, deixando-a com o rosto desfigurado. Ele responde pelo crime de tentativa de homicídio por conta dessa situação.
Agressor dá entrevista e nega racismo
Paulo Bezerra esteve hoje no programa Tribuna da Massa, onde comentou sobre os casos de agressão que vieram à tona nos últimos dias. Primeiramente, ele negou ser skinhead ou preconceituoso. “Isso daí é tudo mentira da mídia. Eu não chamei ele [Neno] de macaco. O primeiro boletim de ocorrência dele foi como lesão corporal. Depois as pessoas fizeram a cabeça dele, ele deu outro depoimento dizendo que chamei ele de macaco. Agora estou sendo ameaçado na rua, perdi meu emprego, perdi minha família… Ele fez isso pra ganhar repercussão. Independente se era preto, branco ou amarelo, eu ia bater do mesmo jeito”, disse o homem, que apesar dos diversos relatos de agressão afirmou não se considerar uma pessoa violenta.
Ainda segundo Bezerra, ele e Neno se conheceram num bar na região central há alguns meses e até chegaram a tocar violão juntos. Contudo, acabaram se desentendendo e, noutra ocasião, duas pessoas o teriam agredido por causa dessa desavença. “Quando vi o Neno, achei que era uma boa oportunidade de me vingar. Eu tinha bebido, é um problema meu, alcoolismo”, disse o agressor, revelando ainda que seria pago por comerciantes para atuar como uma espécie de segurança no comércio local. “Eu não ganho dinheiro para espantar morador de rua. Ganho diheiro para tirar alguém que está causando algum transtorno”.
Convidado a manifestar o que diria para Neno caso o encontrasse, Bezerra disse que “se a gente tivesse resolvido lá no bar [a confusão]”, o episódio de violênci da última semana não teria acontecido. “Eu bebi um pouco naquele dia, mas peço desculpa para ele [pelas agressões]”, declarou Bezerra, negando em seguida (e mais uma vez) ser racista ou preconceituoso, valendo-se de um argumento, no mínimo, curioso.
“Eu vou responder por lesão corporal, não por racismo. Eu tenho amigos meus que são pretos.”