Foto: Valdir Amaral/Alep

Em meio a uma intensa discussão sobre a situação das estradas do Paraná e as novas concessões de pedágio, a Assembleia Legislativa resolveu suspender os debater no plenário para dedicar a sessão de hoje exclusivamente a homenagear as mulheres no Dia Internacional da Mulher. Na primeira parte da sessão, somente as deputadas puderam discursar e ocupar a tribuna. Depois, o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD) já iniciou a votação dos projetos em pauta, sem espaço para os demais parlamentares debaterem sobre outros assuntos.

O único deputado a questionar a decisão foi Ricardo Arruda (PL). Ele afirmou ser favorável à homenagem às mulheres, mas disse não entender porque os deputados não poderiam continuar a sessão depois, para debaterem outros temas do momento.

“Eu tinha uma pauta importante para falar hoje. Eu acho que a homenagem às mulheres é fundamental que tenha. Mas esta Casa não tem hora para terminar. Eu não entendo por que. A gente tem sessão plenária segunda, terça e quarta. Qual era o problema de continuar normalmente a sessão e vá até de noite? Ou o senhor devia então, se ninguém vai poder trabalhar hoje, então desconte o dia de hoje porque a gente não vai trabalhar”, disse Arruda.

“Hora, por que vocês mudam as pautas. Eu não concordo com isso aí. Eu acho que o parlamentar não pode perder o direito de falar”, criticou. “O senhor é o presidente desta Casa. Se as lideranças, os líderes concordaram, não tem problema, mas fica aqui o meu registro. Eu totalmente contrário a esse tipo de atitude que foge do nosso regimento interno”, cobrou Arruda.

“Aqui sempre prevaleceu o entendimento entre as lideranças. Os líderes entenderam por bem abrir mão das falas. Compreendo a sua indignação, mas acho que a grandeza deve preponderar nesse momento. Então nós teremos aí a segunda-feira. Vossa Excelência usa o espaço de segunda-feira. Mas eu peço a sua compreensão porque eu acho que uma justa homenagem em reconhecimento ao trabalho às mulheres do Estado, nós temos que dar esse privilégio dessa sessão”, rebateu Traiano.

“Eu repito aqui. Eu sou de total acordo que essa homenagem seja até mais longa. Eu não estou falando da homenagem. Eu estou falando que nós não temos hora para terminar o nosso trabalho. Nós somos bem remunerados para trabalhar, não tem hora para terminar. Essa é a minha pauta. Não fale o que eu não falei aqui. Eu não sou contra a homenagem. Eu sou totalmente favorável à homenagem”, contestou o deputado do PL.

O deputado Ney Leprevost (União Brasil) sugeriu que Traiano concedesse cinco minutos para Arruda falar após a votação dos projetos. Traiano disse que não haveria problema, mas o deputado do PL recusou a oferta. “Não precisa me dar tempo não. Eu gravo um vídeo depois aqui com a sessão fechada”, alegou ele.

Apagão

O Paraná vive um “apagão” em algumas das suas principais estradas desde o final do ano passado, quando deslizamentos interditaram parcialmente a BR-277 entre Curitiba e o Litoral do Estado, e a BR-376 em direção a Santa Catarina. Ontem, a BR-277 foi novamente interditada totalmente no sentido Litoral após um trecho da rodovia afundar por conta de rachaduras. Não há previsão de liberação da estrada.

Essa situação acontece em meio a uma queda de braço entre os governos Ratinho Jr e Lula em torno das novas concessões do pedágio. O governo paranaense quer manter o modelo elaborado na gestão Bolsonaro, com leilão por menor tarifa com desconto condicionado ao pagamento de um aporte financeiro para a garantia das obras. O PT paranaense e deputados da recém extinta frente parlamentar do pedágio da Assembleia são contra essa proposta, afirmando que ela tornará as tarifas ainda mais caras que as dos contratos encerrados em 2021. Eles defendem uma licitação por menor tarifa sem limite de descontou ou cobrança de aporte. A garantia das obras viria com depósitos cauções que seriam devolvidos a medida que elas fossem concluídas.