
Aos 43 anos de idade, aposentado desde 2009, Thiago Marcelo Silveira Cocito iniciou na semana passada o curso O Executivo de Futebol. Sob o comando do ex-presidente do Inter Fernando Carvalho, em parceria com a marca Foothub, a ideia do gestor é propor um manual que habilite profissionais a trabalhar em uma área em franco crescimento no futebol brasileiro. Não somente para quem quer vir a trabalhar na função, mas também para quem quer entender melhor o que ocorre dentro de um clube antes e depois dos noventa minutos.
“Quando eu jogava há 20 anos, nós tínhamos figuras que faziam isso. Faziam o elo entre presidente e grupo de jogadores com treinador evitando o desgaste. E até o desgaste do treinador com os atletas. Ele tem que olhar para o todo”, explica Cocito, que ao lado de Germano (ex-Londrina e Coritiba), Betão (zagueiro do Avaí), Benítez (ex-goleiro do Inter) e Iarley (ex-Inter) compõem a turma de 45 alunos em busca de conhecimento. Por terem jogado, os ex-jogadores contribuem nos encontros com depoimentos determinantes sobre a função.
“Uma das competências é a imparcialidade. A justiça tem que imperar independente se o cara é o melhor do time e merece um puxão de orelha ou é o capitão. Tem que ter sensibilidade, flexibilidade, comunicativo. Tem que fazer com que todos tenham objetivo coletivo preponderando aos individuais. Sempre com muita transparência acima de tudo”, observa.
Com passagens pela Espanha, Cocito jogou em vários times no Brasil como Corinthians e Grêmio, mas foi no Athletico Paranaense que o paulista da cidade de Bebedouro fez história ao participar da campanha do título brasileiro em 2001. De posse de um currículo extenso e de caneta e papel nas mãos para estudar, para ele, quem atuou pode ter vantagem como dirigente, mas alerta que não é um fator determinante de sucesso. “Tive muitos que não jogaram e que tinham essas competências para liderar com sucesso. Agora, se a pessoa se capacita, sai na frente com a credibilidade com os atletas, mas não pode dar margem para erro. Não pode achar que só porque jogou bola vai ter competência para gestão. Mas quem jogou tem mais credibilidade com os atletas por ter mais vivência de vestiário e nas situações que se apresentam. É preciso saber lidar com pressão porque o futebol é uma cobrança diária e excessiva, de imprensa, amigos, familiares. Emocionalmente é preciso estar preparado para gerir pessoas”, disse.
A segunda aula do Curso O Executivo de Futebol ocorreu nessa terça-feira (dia 6) com Caio Derosso, consultor de desenvolvimento e planejamento no futebol.
PROFESSORES
O curso de seis meses terá ainda a participação de outros nomes ligados ao futebol: André Cury (agente de atletas), João Paulo Fontoura (assessor de imprensa do Grêmio de 2010 a 2020), Pedro Martins (vice-presidente de competições da Federação Paulista de Futebol) e William Thomas (diretor executivo do Athletico).
INSCRIÇÃO
Para quem quiser fazer parte da segunda turma, já há uma lista de espera. Confira detalhes da programação do curso em www.foothub.com.br ou através do telefone 51.99 117 9791
AULA
“O objetivo do segundo encontro foi falar sobre as estruturas organizacionais em clubes de futebol. Promovemos reflexões a respeito da importância de uma cultura organizacional, com cases de como clubes trabalham a sua identidade cultural e outros temas relevantes que um Executivo precisa conhecer para o auxiliar em seu dia a dia”, disse Caio Derosso, que trabalhou no Athletico Paranaense e já foi repórter do Bem Paraná.
“Um profissional que deseja trabalhar no futebol precisa ter um conhecimento de várias áreas que permeiam o clube, pois a rotina é dinâmica e envolve diversas áreas e pessoas. É muito comum casos de profissionais que vão mudando de área durante a carreira. Hoje atuo numa área de desenvolvimento e planejamento de futebol graças também ao senso crítico que a faculdade de jornalismo trouxe, aos aprendizados adquiridos no dia a dia de um redação, depois passando para o lado de assessoria de clube e sempre buscando novos aprendizados através de cursos e vivências práticas nessa migração para áreas de gestão”, comentou Caio.
Em relação às aulas, Caio Derosso destaca a interatividade. “Acredito que o ponto mais positivo é a interação com toda turma, pois são muitos alunos que trabalham no cotidiano do esporte e que trazem muitas contribuições quando expõem suas opiniões e seus exemplos. As aulas estão sendo muito dinâmicas e com um ganho de todos os lados”, contou Caio.