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Câmara Municipal de Curitiba (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Um debate na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) acerca de um requerimento envolvendo as concessões rodoviárias no Paraná acabou rendendo críticas, por parte dos parlamentares municipais, à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e ao Ministério Público Federal (MPF), por conta da atuação de ambas as instituições (e de seus atores) durante as concessões rodoviárias anteriores.

Na ocasião, a Casa de Leis do município debatia um requerimento para convidar representantes da Via Araucária (vencedora do Leilão do Lote 1 de concessão de rodovias paranaenses) a comparecerem na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) para detalharem as ações planejadas pela concessionária para a Capital. Foi quando o vereador Rodrigo Braga Reis (sem partido) resolveu entrar no debate, recordando sobre as antigas concessionárias (cujos contratos se encerraram no final de 2021).

Segundo o parlamentar, as empresas que ficaram com as concessões rodoviárias anteriores no Paraná faturaram, ao longo de 24 anos, R$ 50 bilhões. Teriam se comprometido a investir mais de R$ 2 bilhões em obras, mas no final investiram em torno de R$ 400 milhões. Os contratos de concessão e seus aditivos, inclusive, foram alvos de investigações ligadas à Operação Lava Jato.

“E, para nossa surpresa, eles não fizeram o gasto de mais de R$ 2 bilhões em obras que deveriam ter sido feitas nessas estradas e o MPF fez um acordo de leniência, por exemplo com a CCR, em R$ 200 milhões. As concessionárias faturaram R$ 50 bilhões, deixaram de gastar R$ 2 bilhões em obras que deveriam ter sido feitas e fizeram um acordo de leniência de R$ 200 milhões! Quer negócio melhor do que esse, gente?!”, criticou Rodrigo Reis.

Após a crítica ao MPF (responsável por negociar os acordos de leniência), o parlamentar ‘partiu pra cima’ da Assembleia Legislativa.

“Nós temos que ver, lá na Assembleia Legislativa, quem é que recebeu doação de campanha das concessionárias de pedágio. É por isso que não funciona. 24 anos de concessão, meia dúzia de estradas duplicadas, o povo paranaense sofrendo com as estradas, gente morrendo nas estradas, e as concessionárias fazem um acordo de leniência de R$ 200 milhões… Os caras pagaram R$ 200 milhões com sorriso aqui na orelha. Foi a maior roubalheira da história do Estado do Paraná. E tem gente que recebeu doação de campanha das concessionárias”, acusou.

Em seguida, a cada vez que um parlamentar colega fazia um aparte, Rodrigo Reis questionava, ironicamente, se havia recebido dinheiro pra campanha de concessionárias. Um dos parlamentares a se manifestar foi Sidnei Toaldo (PRD), que reforçou as críticas do colega de Câmara Municipal. “Onde que estava a Assembleia nesses 30 anos, o Ministério Público, a Agepar, uma série de órgãos do govenro que tinham de estar fiscalizando isso? Já fomos enganados [a população paranaense] por 30 anos, não podemos ser enganados por mais 30.”

Por fim, Dalton Borba (PDT) aproveitou a ocasião para apontar que haveriam alguns outros ‘negócios da China’ em Curitiba. “Existem alguns negócios melhores do que esse [concessão rodoviária]: empresa de coleta de lixo em Curitiba; empresa de transporte público urbano em Curitiba; empresa de asfalto em Curitiba. Todas elas são na mesma pegada, contratos de concessão por mais ou menos 10 mil anos e todas elas altissimamente benéficas para os concessionários, mas já não dá para dizer o mesmo com relação ao povo que paga esses contratos.”