
O Jardim Botânico abriga uma vegetação que surgiu há mais de 2,5 milhões de anos, no período geológico Pleistoceno (Era do Gelo). A espécie praticamente não existe mais na cidade, mas pode ser vista todos os dias no Botânico.
A coleção Campos Curitibanos, que fica atrás da estufa, é aberta à visitação do público e no fim do ano passado recebeu reconhecimento da Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB) ao ficar em primeiro lugar no II Prêmio Helena Quadros, uma das iniciativas mais importantes do País de incentivo às boas práticas de educação socioambiental e de conservação dos jardins botânicos. O Jardim Botânico de Curitiba conquistou o 1º lugar na categoria Ações Conservacionistas.
O engenheiro florestal Sacha Lubow explicou a importância científica da coleção. “Os Campos Curitibanos são um ecossistema primordial de Curitiba, eles já existiam antes das florestas de araucárias. Esse tipo de vegetação é encontrada desde o 1º Planalto, da Serra do Mar, até antes do 2º Planalto em Ponta Grossa, Palmeira e Castro, por exemplo”, explicou Lubow.
“O projeto visa à conservação de algumas espécies de genéticas locais, algumas plantas que são ameaçadas de extinção. A ideia é que mais pessoas venham aqui conhecer a vegetação típica de Curitiba. Também usamos o espaço para nossos estudos científicos”, completou o engenheiro florestal.
O que pode ser encontrado
A coleção científica viva Campos Curitibanos fica atrás da estufa principal e é aberta à visitação da população. Todos os frequentadores do Jardim Botânico podem ir lá conhecer, há uma trilha que percorre a vegetação tipicamente de um ecossistema campestre, com plantas de 1,5 metro a 2,5 metros de altura.
Ao caminhar por entre o campo é possível sentir os odores da vegetação que reúne espécies de plantas muitas vezes usadas como chás medicinais, como marcela e carqueja. Também é possível encontrar espécies silvestres de guabiroba do campo, araçá do campo e butiás.
Como surgiu o campo
Entre os ecossistemas originais da cidade de Curitiba, estão os campos naturais, que ocupavam cerca de metade do território da cidade e atualmente se resumem a poucos locais. Em abril de 2015, houve a oportunidade de salvar um remanescente de campo natural de um local que seria suprimido definitivamente na CIC, por conta de um empreendimento imobiliário.
Como medida compensatória para a construção ficou definida a transposição de parte do solo contendo o ecossistema pré-existente para outro ambiente. A unidade de conservação do Jardim Botânico de Curitiba tinha o espaço apropriado para receber o campo.
Os Campos Curitibanos têm um perímetro aproximado de 1.000 metros quadrados atrás da estufa principal do Jardim Botânico de Curitiba.
Entre 2015 e 2024, o corpo técnico do Museu Botânico Municipal estudou os Campos Curitibanos, constatando que o projeto resultou no efetivo salvamento de 211 espécies vegetais, duas delas não descritas pela ciência, pertencentes aos gêneros Passiflora e Eryngium, e uma ameaçada (Psidium reptans – EN).
Em 2019, a bióloga Maristela Zamoner se juntou ao time e iniciou o estudo ecológico de bioindicadores da qualidade ambiental pelo acompanhamento, em vida, das comunidades de borboletas. Foram constatadas 358 espécies no local, 42 delas se reproduzindo em 32 espécies vegetais, incluindo a espécie não descrita pertencente ao gênero Passiflora.
Todo estudo foi realizado por metodologia de ciência cidadã, envolvendo 28 pessoas registrando mais de 600 espécies de flora e fauna e compartilhando resultados na plataforma iNaturalist que viabilizou a participação voluntária de mais de 400 pessoas em suas identificações e discussões ecológicas.
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