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Tiradentes na ilustração de Angelo Agostini (Foto: reprodução)

O dia 21 de abril, esta segunda-feira, é feriado em todo o território brasileiro. Trata-se do dia do enforcamento do inconfidente Joaquim José da Silva Xavier – mais conhecido como Tiradentes -, ocorrida em 21 de abril de 1792. Contudo, a data levou quase 100 anos para ganhar o reconhecimento atual. E Tiradentes, hoje representado como uma figura semelhante à de Jesus Cristo, com cabelos longos e barba, nem sempre teve essa aparência.

A execução de Tiradentes foi uma resposta do governo federal à Inconfidência Mineira, um movimento que queria tirar o Brasil do jugo de Portugal. Havia uma revolta da elite de Vila Rica (atual Ouro Preto, em Minas Gerais) contra a alta carga tributária imposta por Portugal. A ideia era libertar Minas Gerais do domínio português e estabelecer um país independente. Na época, não se pensava em libertar toda a colônia brasileira, pois ainda não havia uma identidade nacional.

Contra-ataque

Em 1789, a monarquia portuguesa desmantelou a conspiração anticolonialista. Um dos integrantes, Joaquim Silvério dos Reis, teria denunciado os colegas para obter perdão de suas dívidas com a Coroa Portuguesa. Os líderes do movimento acabaram detidos e enviados para o Rio de Janeiro, que na época era a capital brasileira. Ainda em Vila Rica, Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão na Casa dos Contos. Durante o inquérito judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que teria assumido sozinho a chefia do movimento.

Em 18 de abril de 1792, doze dos inconfidentes acabaram condenados à morte. Onze deles tiveram a pena comutada em pena de degredo, menos Joaquim José da Silva Xavier, executado por enforcamento em 21 de abril de 1792. Seu corpo foi esquartejado e as partes ficaram expostas em diferentes locais públicos de Vila Rica. A coroa ainda demoliu sua casa e colocou sal no terreno.

Sem barba

Contudo, Tiradentes foi levado à forca careca e sem barba. Bem diferente das ilustrações que estampam os livros de história e das estátuas dedicadas a ele. Sobre a aparência física, quase não há relatos da época. Com essa lacuna, ao longo da história, a imagem de Tiradentes ficou associada à figura de Jesus Cristo. No fim final do século XIX, o artista Angelo Agostini recebeu a missão de desenhar o alferes. E daí veio a imagem atual, do mártir com cabelos longos e barba. A imagem ajudou a rotulá-lo como mártir do movimento anticolonialista.

A República só foi proclamada no Brasil em 1889. E o dia 21 de abril só virou feriado em 1890, através do Decreto nº 155-B, publicado em janeiro daquele ano.