cmc
Câmara de Curitiba abre processo contra Eder Borges por nomeação de enteada (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

O vereador Eder Borges (PL) não deve responder por transfobia no ambito da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e, com isso, terá seus direitos e prerrogativas parlamentares mantidos. É que a Corregedoria da CMC recomendou o arquivalento de uma representação contra o político bolsonarista, apontando ausência de indícios de infração ético-disciplinar.

O parecer, assinado pelo corregedor Sidnei Toaldo (Patriota), concluiu que “a conduta do representado causa controvérsia, porém atuou dentro dos princípios que orientam a atividade parlamentar, sem exceder as prerrogativas do cargo”.

A sindicância foi instaurada a partir de denúncia da vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), que acusou Eder Borges de transfobia ao questionar publicamente a inclusão de mulheres trans e travestis em material do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres. O vereador gravou vídeo recolhendo cartilhas da Prefeitura e afirmou: “desculpa, mas não é porque você quer ser mulher que você vai ser mulher e tirar a vaga da mulher”. A representação solicitava a cassação do mandato ou, alternativamente, a censura pública.

Ao justificar o arquivamento, Toaldo ressaltou que a manifestação de Eder Borges está protegida pela imunidade parlamentar prevista na Constituição Federal. “O vereador, no exercício legítimo do seu mandato, tem o direito de questionar políticas públicas, propor alterações e expressar sua discordância sobre temas que considera controversos”, afirmou o corregedor, destacando que o conteúdo do vídeo tem relação direta com o exercício da função legislativa.

Para embasar a decisão, a Corregedoria cita manifestação do ministro Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal, durante o julgamento do RE 443953, em 2017, onde o magistrado diz que mesmo “declarações consideradas indesejáveis”, se proferidas no âmbito da discussão política e respeitados os limites constitucionais, não são passíveis de punição disciplinar. “A posição do vereador reflete a ideologia e os valores que seus eleitores conheciam ao escolhê-lo para representá-los. O mandato parlamentar é um espaço de debate democrático, no qual divergências de pensamento devem ser respeitadas, e não punidas”, completou Toaldo.