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Cirurgia inédita em Londrina implanta marcapasso sem fio em dois pacientes. (Divulgação)

Londrina, no Norte do Paraná, e Rio de Janeiro foram as duas primeiras cidades do país a realizar implante da nova geração de marcapasso sem eletrodo. A tecnologia representa um avanço histórico na cardiologia nacional. Para o paciente, vantagens estão na recuperação mais rápida em função da cirurgia sem menos invasiva.

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Dois pacientes receberam novo marcapasso em Londrina

Em Londrina, dois pacientes foram submetidos ao procedimento pioneiro: um homem de 72 anos, com Fibrilação Atrial Permanente e alto risco de complicações relacionadas ao uso de eletrodos; e outro, de 59 anos, também com Fibrilação Atrial e contraindicação para a cirurgia convencional.

O marcapasso sem eletrodo Aveir VR representa um avanço significativo na estimulação cardíaca, porque diferentemente dos marcapassos tradicionais, que utilizam cabos-eletrodos, este dispositivo é uma cápsula minúscula implantada diretamente no coração por meio de um procedimento minimamente invasivo.

Qual é o ganho para o paciente?

As vantagens incluem um tempo menor no procedimento, em torno de 40 minutos, e é também menos invasivo, já que é feito por cateterismo, sem cortes e sem necessidade de pontos.

Pelo ineditismo da cirurgia no Brasil, sendo os primeiros casos, quem conduziu o procedimento foi a Hemodinâmica do Hospital Araucária de Londrina pela equipe de Eletrofisiologia Cardíaca Londrina, sendo liderado pelo Gustavo Galli Reis, renomado especialista em Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia Clínica Invasiva, com assistência do Claudio Caetano de Faria Junior.

A cirurgia contou ainda com o apoio do Ricardo Ferreira, parceiro da equipe e coordenador do Centro Cardiológico de São Paulo, e a colaboração de especialistas da Abbott Brasil e Abbott Estados Unidos.

“Essa cirurgia representa um menor risco de complicações, já que elimina problemas associados aos eletrodos, como infecções ou tromboses. Como não tem incisões torácicas ou cicatrizes visíveis, o dispositivo é praticamente imperceptível, o que também garante um maior conforto e estética. E o mais importante, a recuperação é rápida, sendo menos invasivo, permite alta hospitalar em até 24 horas” – explicou Gustavo.

Modelo tem bateria de maior duração

Embora o Brasil já tenha experiência com marcapassos sem fio, como o Micra (Medtronic), o Aveir VR da Abbott marca um salto tecnológico. Comparado aos modelos anteriores, ele oferece uma bateria com o dobro da durabilidade, chegando até 17 anos, reduzindo a necessidade de trocas. Segundo a equipe médica, ele tem ainda um mecanismo de mapeamento avançado, o que permite um implante mais preciso e seguro, dando mais estabilidade ao coração.

“Existe ainda a possibilidade de extração futura, o que facilita substituições sem riscos adicionais, e tem comunicação com dispositivo atrial, preparado para futura sincronização com marcapassos atriais, ampliando indicações” – reforça Galli.

Apesar de suas vantagens, o implante do Aveir VR não é indicado para todos os pacientes. A avaliação por um especialista é essencial para identificar aqueles que mais se beneficiam, como portadores de bradicardia ou bloqueios atrioventriculares sem condições para implantes tradicionais. É realizada uma análise detalhada, considerando fatores como idade, estilo de vida comorbidades, garantindo a escolha do melhor tratamento.