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Reprodução de foto do tenente-coronel Mauro Cid, que consta da petição do advogado Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara – Divulgação

A plataforma Meta, dona do Facebook e do Instagram, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o perfil @gabrielar702, no Instagram. Segundo a Meta, o perfil foi criado a partir de uma conta de e-mail identificada com o nome do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a Meta, a conta foi aberta a partir do e-mail [email protected]. A plataforma confirmou que o perfil @gabrielar702 não está mais no ar.

A manifestação da empresa atende um pedido de informações feito pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O ministro investiga a suspeita de que Cid vazou informações sobre a delação premiada assinada com a Polícia Federal (PF) na trama golpista.

O Google também enviou informações sobre contas em nome de Cid e confirmou o mesmo endereço de e-mail em nome dele. Além disso, consta nos registros a data de nascimento do militar, 17 de maio de 1979.

Mentindo em depoimento

A abertura de investigação feita após a revista ‘Veja’ publicar que ele teria mentindo no depoimento prestado na segunda-feira (9) ao Supremo.

Na ocasião, a defesa de Bolsonaro perguntou a Cid se tinha conhecimento sobre o perfil, identificado com o mesmo nome da esposa do militar, Gabriela Cid. Ele respondeu que não sabia se o perfil era de sua esposa e afirmou que não usou redes sociais para se comunicar com outros investigados.

Os advogados do ex-presidente levantaram a suspeita de que Cid usou o perfil para vazar informações de seus depoimentos de delação.

Pelas cláusulas do acordo, os depoimentos são sigilosos, e o descumprimento pode levar a penalidades, como a anulação dos benefícios, entre eles, a possibilidade de responder ao processo em liberdade.

Bolsonaro quer anulação da delação

Com base na declaração de Cid, Bolsonaro defendeu a anulação da delação de seu ex-ajudante de ordens.

O advogado de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, disse que conversou com Cid por meio do perfil investigado e também defendeu a anulação da delação.

Em uma das conversas, Cid disse a Eduardo Kuntz que os investigadores da PF queriam “colocar palavras” em sua boca. Segundo o militar, os delegados buscavam que ele falasse a palavra golpe.

Para confirmar que se tratava do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o defensor pediu que Cid enviasse uma foto.

Em seguida, o ministro determinou a prisão de Câmara. Moraes entende que o ex-assessor de Bolsonaro descumpriu uma medida cautelar que o proibia de usar redes sociais, mesmo com a intermediação de advogados.