Desde que morei na Austrália, em 2012, sonhava em fazer um glamping no deserto (me aguarde Outback). Por isso, quando cheguei em Dubai, meu único pedido para minha amiga, anfitriã e companheira de viagem (que organiza tudo) — Te Amo Paula Fiuza — foi ficar pelo menos uma noite em algum deserto das redondezas.
O maior medo dela era cair em uma armadilha pega turista, gastar horrores e não conseguir ter uma experiência tipicamente beduína. Como expliquei na coluna sobre Al Ain, os beduínos são os desbravadores do deserto e existem descendentes dessa população cujo objetivo é preservar a tradição desse povo — que é pouco conhecido e reverenciado na história moderna.
Pois ela conseguiu uma dica de ouro com uma amiga turca (oi, Ayça Dogan) e fizemos nossa reserva no Liwa Nights (@liwanights), gastamos cerca de 1.000 dirhams para duas pessoas, uma noite, com welcome drinks, jantar e café da manhã, e valeu muito a pena.
Mas antes de falar das acomodações e da experiência do glamping, deixa eu contar um pouco sobre o deserto de Liwa!
O deserto de Liwa
O município de Liwa fica no emirado de Abu Dhabi, há cerca de três horas de carro de Dubai, e o caminho já é uma atração à parte com uma reta infinita que dá pra deixar o carro no piloto automático (literalmente). E a cada novo quilômetro percorrido parece que estamos adentrando o mundo de Mad Max com dunas para todos os lados. O interessante é que quanto mais pra dentro do deserto, mais alaranjada vai ficando a paisagem.
O deserto de Liwa tem algumas das dunas mais altas do mundo, e foi cenário do filme Duna – partes I e II. O município oferece diversas atrações durante a alta temporada (inverno e outono) — como passeios de balão, festival de música e gastronomia, além de eventos esportivos.
Chegamos a Liwa no dia 2 de maio, último final de semana antes do fechamento da temporada, pois o local não funciona durante o verão. Na estrada pegamos 48 graus Celsius, com 12% de umidade do ar (será que estava seco?).
A gente queria ter uma verdadeira experiência no deserto, mas acampar não é a nossa praia, por isso optamos pelo glamping, um acampamento de luxo no Liwa Nights Bedouin Glamping Retreat — e foi a melhor opção possível.
Estávamos sozinhas com os donos do resort — uma norte-americana de Chicago e um emirati de uma família de beduínos que trabalha no Conselho de Turismo de Abu Dhabi na área de preservação de cultura árabe.
Nossa cabana era uma verdadeira suíte de luxo, com banheiro e ar-condicionado, além de um mobiliário clássico e super confortável. Na área comum, fomos recebidas em uma sala típica da cultura árabe, onde entramos e sentamos no chão para conversar enquanto tomamos um chá e comemos biscoitos de tâmaras.
O jantar oferece a comuda típica dos beduínos, uma mistura de arroz, frango e legumes e no café da manhã panquecas de açafrão e cominho e uma casquina de tâmaras — fizeram meu dia mais feliz. Na sala das refeições, podemos folhear diversos livros da cultura local e alguns deles trazem as receitas das comidas servidas, uma verdadeira imersão na cultura regional.
Mas o ponto alto da visita é o por do sol no deserto, o hotel deixa várias bandeiras espalhadas pelas dunas marcando os melhores pontos para aproveitar o momento e os anfitriões nos oferecem uma cerveja bem gelada para brindar esse momento!
Devido ao calor e ao limite de tempo que tínhamos não conseguimos aproveitar tudo que o local oferecia, como passeio de bug pelas dunas e a visita guiada pela fazenda de tâmaras que fica na região, mas já deu pra ter um gostinho de uma noite no deserto.
Para quem vai se aventurar nesse passeio e é apaixonado por café fica a dica: pare em um posto ADNOC e peça um Pumpkin Latte ou Spanish Latte, vai deixar sua road trip mais feliz, eu garanto!