Paramedics examining injured boy on street
Paramedics examining injured boy on street. Foto: Freepik

As férias escolares de julho são, tradicionalmente, um convite ao descanso, às viagens em família e à prática de atividades ao ar livre. No entanto, essa mesma temporada é marcada por um aumento expressivo no número de acidentes que envolvem traumatismos cranianos e lesões na coluna vertebral — especialmente em destinos turísticos com esportes de inverno, aventuras na natureza ou mesmo brincadeiras domésticas.

Dados da Sociedade Brasileira de Coluna mostram que, no Brasil, cerca de 11 mil pessoas sofrem algum tipo de lesão medular por ano. Grande parte desses casos está associada a quedas, acidentes de trânsito e mergulhos em águas rasas — prática comum em destinos naturais como cachoeiras e rios. No inverno, há ainda o risco adicional das viagens à neve, que têm se tornado mais acessíveis a brasileiros em países vizinhos e destinos nacionais com temperaturas extremas.

De acordo com estudos internacionais, a cada mil esquiadores, ocorrem de duas a três lesões, sendo que os praticantes de esqui são responsáveis por mais de 80% dos traumas de coluna durante a temporada de esportes na neve. Além disso, lesões na cabeça representam de 15% a 38% dos acidentes relacionados a esqui, snowboard e ski aquático.

Já segundo o Ministério da Saúde, entre dezembro e fevereiro, os atendimentos por traumas crescem mais de 30% na rede pública — especialmente em regiões litorâneas e turísticas. Ainda que menos citado, o mês de julho também exige atenção redobrada: hospitais e serviços de urgência registram aumento nas ocorrências de quedas, cortes, fraturas e traumas entre crianças, adolescentes e jovens adultos, principais vítimas das brincadeiras em ambientes novos e menos seguros.

Entre os acidentes mais comuns estão mergulhos em locais desconhecidos, quedas durante trilhas, escorregões em pedras molhadas, impactos com bicicletas ou skates, uso de quadriciclos em terrenos acidentados e colisões em pisos escorregadios, brinquedos ou móveis. Em muitos casos, o problema é agravado pela ausência de equipamentos de segurança e pela falta de supervisão.

É importante lembrar que a coluna vertebral e o crânio abrigam estruturas vitais, como a medula espinhal e o cérebro. Lesões nessas regiões podem resultar em comprometimento motor, sensorial e até cognitivo permanente. Por isso, a prevenção nunca é exagero. Cuidados simples fazem toda a diferença na proteção e bem-estar durante o lazer:

  • Evite mergulhos em águas rasas ou desconhecidas
  • Use capacetes e equipamentos adequados em esportes ou brincadeiras
  • Redobre a atenção em locais com pisos escorregadios ou em altura
  • Evite brincadeiras em escadas, muros ou móveis
  • Priorize sempre a supervisão ativa de crianças e adolescentes

Em casos de queda com dor intensa no pescoço, dormência nos braços ou pernas, ou perda de força muscular, a avaliação médica imediata é essencial.

Férias devem ser lembradas por experiências afetivas e boas memórias, não por traumas evitáveis. Planejamento, responsabilidade e atenção aos sinais do corpo são fundamentais para garantir que o descanso em família seja, de fato, um tempo de qualidade e segurança.

Por Dr. Denildo Verissimo, neurocirurgião especialista em doenças da coluna vertebral