Reprodução – Olivia de Havilland em ‘… E o Vento Levou’ e aos 100 anos: história

A atriz Olivia de Havilland, uma das maiores representantes da era de ouro de OHolywood, morreu neste domingo (26), aos 104 anos. Ela ficou imortalizada pelo filme ‘…E o Vento Levou’, de 1939, além de ter feito vários outros filmes nos anos 30 – como ‘Aventuras de Robin Hood’.

Olivia morava em Paris e morreu em casa, de causas naturais. Sua última aparição em Hollywood foi na entrega do Oscar em 2003, aos 87 anos. Nos últimos anos, ela apareceu em vários programas de TV e recebeu algumas homenagens por sua longevidade. Quando fez 100 anos, em 10 de julho de 2016, permitiu que fotógrafos fizessem um ensaio dela em sai casa. No dia em que completou 103 anos, ela saiu de bicicleta pelas ruas de Paris.

Do elenco de ‘… E o Vento Levou’, só resta um ator ainda vivo: Mickey Kuhn, na época uma criança de 7 anos, que fez uma ponta no filme (era o filho de Melanie). Hoje ele está com 88 anos.

Curiosamente, Olivia nunca gostou de homenagens por ser remanescente de ‘… E o Vento Levou’. Em 1989, quando houve a celebração pelos 50 anos do filme, ela delicadamente recusou todas as entrevistas e homenagens. Na época, ela já era a última sobrevivente do filme entre as principais estrelas.

Essa é apenas uma de muitas histórias curiosas sobre Olivia Mary de Havilland. Outra delas: a atriz que fez carreira na glamourosa Hollywood nasceu em Tóquio, Japão, em 1º de julho de 1916. Era a filha mais velha da atriz Lilian Augusta Ruse e do militar e professor de inglês Walter Augustus de Havilland. Os pais se separaram quando ela tinha três anos e ela veio com a mãe e a irmã mais nova, Joan de Beauvoir de Havilland, para a Califórnia.

Olivia decidiu se tornar atriz antes mesmo de concluir a high school — nos Estados Unidos, o equivalente ao ensino médio. Já interpretava papeis no teatro da escola e, em uma apresentação de ‘Sonhos de Uma Noite de Verão’, chamou a atenção de Max Reinhardt, um caça-talentos. Ele a levou para testes na Warner Bros em 1935 e Olivia não perdeu a chance. Com apenas 19 anos — um feito para a época — já estrelava os blockbusters da época, como ‘Capitão Blood’ (1935), o primeiro de oito filmes que fez ao lado do astro Errol Flynn. O mais famoso filme da parceria foi ‘Aventuras de Robin Hood’ (1938), com ele de Robin Hood e ela de Lady Marion. E veio ‘… E o Vento Levou’ (1939), com uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Em 1941, Olivia interpretou Emmy Brown em ‘A Porta de Ouro’ e foi indicada pela primeira vez ao Oscar de melhor atriz. Só que perdeu para Joan Fontaine, por ‘Suspeita’, um filme de Alfred Hitchcock. Joan Fontaine, no caso, era Joan de Beauvoir de Havilland, a irmãzinha mais nova, também nascida em Tóquio (em 1917). Depois desse episódio, a relação entre as duas sempre foi azeda. Olivia era uma lady, mas chamava a irmã de doce coisinha. Joan disse que poderia emprestar sua beleza à irmã, já que ela não tinha nada. Joan rechaçou qualquer tentativa de conciliação até morrer, em 2013, aos 96 anos.

Em seu favor, Olivia poderia dizer que teve mais indicações ao Oscar que Joan (5 contra 3) e mais vitórias (2 contra 1). O primeiro Oscar como melhor atriz foi com ‘Só Resta uma Lágrima’ (1946), em que interpretou Josephine Norris — uma enquete em um site de fãs de Olivia aponta este, e não Lady Marion ou Melanie, como o melhor papel da carreira da atriz. A outra vitória foi com ‘Tarde Demais’ (1950), de William Wyler. Entre esses dois, houve uma indicação por ‘A Cova da Serpente’, de 1948.

Depois de um período sabático, Olivia voltou às telas em 1952, com ‘Eu Te Matarei, Querida!’ A partir dessa época, ela passou a morar em Paris e os papéis foram rareando. Seu último filme foi ‘O Quinto Mosqueteiro’ (1979), no papel da rainha-mãe. Sua última aparição ocorreu em ‘The Woman He Loved’ (1988), um filme para a TV. Desde então, curtia uma sossegada aposentadoria em Paris.