
Os vereadores de Curitiba aprovaram, nesta terça-feira (11), em primeiro turno, projeto do prefeito Rafael Greca (PMN) que prevê a ampliação da adoção da bilhetagem eletrônica no transporte coletivo da Capital. A versão final da proposta aprovada pela Câmara excluiu do texto original o item que previa “exclusividade” para o uso do cartão-transporte no sistema. A mudança foi feita após acordo entre a Urbs e o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que garantiu a estabilidade de emprego e a substituição gradativa dos cobradores ao longo dos próximos quatro anos, até 2023.
Inicialmente, o projeto da prefeitura previa a adoção exclusiva do cartão-eletrônico em todo o sistema, com a possibilidade de extinção imediata da função de cobrador. A justificativa era de que o uso exclusivo do cartão-transporte traria agilidade ao sistema e diminuiria os assaltos, ao restringir o dinheiro em circulação. O sindicato, porém, reagiu, apontando o risco de demissão em massa dos trabalhadores. A categoria chegou a ameaçar entrar em greve caso o texto fosse aprovado como proposto originalmente pela prefeitura.
Cerca de 3,5 mil cobradores atuam hoje no transporte coletivo de Curitiba. O entendimento é que sem a “exclusividade” a redação garante o compartilhamento do trabalho entre a bilhetagem eletrônica e os cobradores de ônibus durante a transição.
“Está previsto (no acordo) que durante quatro anos haverá um programa de requalificação dos cobradores. Serão 500 profissionais por ano”, disse o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira. “Muitos (cobradores) serão aproveitados como motoristas, outros vão se aposentar. Em média, 800 já saem todos os anos, por vários motivos”, explicou o sindicalista.
Para o presidente do Sindimoc, as mudanças no texto do projeto contemplam “os companheiros que estão aí no dia a dia”. Luiz Alberto Lenz César, diretor-executivo do Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), apontoou que as alterações no projeto afetarão a transição “o mercado, o interesse do cobrador em mudar de função e a reorganização operacional da Urbs”. “Os cobradores poderão vir a ganhar mais do que estão ganhando (após a requalificação)”, previu.
Tarifa
Com a aprovação do projeto, que ainda precisará passar por pelo menos mais uma votação em plenário, a expectativa dos vereadores agora é sobre o impacto que as mudanças trarão na tarifa cobrada dos usuários, atualmente de R$ 4,50. O vereador professor Euler (PSD) lembrou ontem que ao apresentar a proposta, a prefeitura argumentou que a manutenção dos cobradores representava um custo de R$ 0,80 na tarifa. “Na medida em que a substituição (dos cobradores) ocorra, estaremos demandando a diminuição da tarifa”, disse Euler. O vereador Bruno Pessuti (PSD) também lembrou que, desde 2013, o relatório elaborado por ele na CPI do Transporte Público lista várias medidas, além da bilhetagem eletrônica, que poderiam ser adotadas para baratear o serviço.