
O presidente Jair Bolsonaro causou duas polêmicas de uma só vez nesta quarta-feira (1º), em entrevista à TV Bandeirantes ao falar sobre o coronavírus. Primeiro, pediu que as pessoas mais jovens sejam infectadas para que não haja um surto da doença no inverno. Depois, comparou o vírus a uma chuva que molha, mas não mata.
A primeira declaração foi dada ao apresentador José Luiz Datena, da Band, no ‘Brasil Urgente’. “Vai morrer mais gente porque haverá um pico de ida aos hospitais. Por exemplo, Datena, a garotada abaixo de 40 anos a princípio contraindo o vírus não vai ter problema”, disse o presidente, criticando as medidas de isolamento social impostas por governadores. “Se a garotada se infectar agora, ela seria uma barreira no futuro para não transmitir o vírus para os mais idosos. É uma conta que você bota na mesa”.
Bolsonaro disse que o vírus “se dá bem melhor no frio” e “todo mundo vai pegar a doença”. As declarações, contudo, não foram baseadas em evidências científicas. Além disso, há registros de pessoas abaixo dos 40 anos morrendo no país. Nesta quarta-feira, um jovem de 23 anos morreu em decorrência da Covid-19, em São Paulo.
O presidente ainda comparou o coronavírus a uma chuva que molha, mas não mata. “O vírus é igual a uma chuva. Ela vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado”, falou. “Tem essas pessoas mais fracas. Às vezes a pessoa vive pobre, fraca por natureza, dada a falta de uma alimentação mais adequada. Então essas pessoas são as que sofrem mais”.
Bolsonaro também revelou nesta quarta-feira ter se reunido com um grupo de pesquisadores que estuda a atuação da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. “A cloroquina é uma realidade, é quase palpável. Falta uma comprovação científica, uma base maior. Parece que está tendo resultados que podem nos levar a uma certeza”, disse. O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ainda é cauteloso quanto ao remédio.