Sempre que o termômetro indica baixas temperaturas, é preciso frisar sobre a importância da manutenção dos aquecedores a gás, itens indispensáveis nos períodos mais frios, mas que requerem atenção do consumidor durante todo o ano para evitar acidentes. No Paraná acontece uma média de oito casos por ano de morte por intoxicação pelo gás monóxido de carbono, segundo dados do Corpo de Bombeiros.

Os aquecedores a gás, do tipo “de passagem”, têm se constituído em potenciais causadores de acidentes envolvendo intoxicações que freqüentemente levam os seus usuários à morte. O monóxido de carbono é gerado pela queima incompleta do combustível em função da falta de manutenção dos queimadores dos aquecedores e também em função da falta de ventilação adequada nos ambientes onde estão instalados. O gás tem uma característica singular de não apresentar cheiro nem gosto. A pessoa inala o gás sem perceber qualquer anormalidade. Quando a intoxicação chega a um determinado nível, pode ocorrer o desmaio da vítima e provavelmente ocorrerá a morte.

Outra causa comum de acidentes com monóxido de carbono é a queima de carvão vegetal, utilizado para aquecer ambientes confinados (guaritas de vigias, barracos etc.). Esta prática poderá levar o usuário à óbito. Um recurso freqüentemente utilizado durante o inverno é a queima de álcool em dormitórios e banheiros com o intuito de aquecer o ambiente. Este procedimento, embora menos perigoso, pode produzir a queima do oxigênio, levando o usuário à asfixia.

Segundo o engenheiro civil Maurício Bassani, facilitador do Departamento de Fiscalização (DEFIS) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), é recomendada no mínimo uma manutenção anual, executada por profissionais especializados.

A manutenção e a instalação de aquecedores a gás deve ser realizada por técnicos treinados pelos fabricantes e fornecedores de aquecedores a gás, sob a supervisão e orientação de um profissional habilitado pelo CREA-PR, explica, citando a NBR 13.103:2000, que versa sobre a adequação de ambientes residenciais para instalação de aparelhos que utilizam gás combustível.  

De acordo com esta norma, no ambiente onde está instalado o aquecedor deve existir uma abertura livre superior com área mínima de 600 cm² (por exemplo, 40x15cm), e ser afixado a uma altura mínima de 1,50 m em relação ao piso. A abertura inferior também é muito importante, pois, disposta em paredes opostas ao equipamento, possibilita uma ventilação cruzada no ambiente. É preciso uma ventilação permanente do local, sem fechar as aberturas existentes, pois o queimador consome oxigênio do ambiente durante a combustão, ensina Bassani. São esses gases produzidos pela combustão que devem ser conduzidos para o exterior, para eliminar possibilidades de acidentes e da chamada morte branca, que ocorre pela aspiração do monóxido de carbono.


CUIDADOS

Cuidados com aquecedores Elétricos
1 – Revise com pessoal técnico os aparelhos antes de sua utilização. Nunca faça o conserto você mesmo;
2 – Mantenha as crianças a uma distância segura, pois pode haver a possibilidade de queimaduras em caso  de contato direto com o aquecedor;
3 – Fique atento enquanto o aparelho estiver funcionando. Muitas vezes ele pode cair ou encostar em materiais combustíveis, causando incêndios;
4 – Mantenha circulação de ar no ambiente, pois os aquecedores “queimam” o oxigênio do ambiente e podem levar à morte  por hipóxia;
5 – Faça a instalação, fixação e uso desses aparelhos de acordo com o manual de instruções.

Cuidado com aquecedores a gás
1 – As chamas de gás devem apresentar cor azulada. A presença de instabilidade da chama e tonalidades amareladas, indicam que os queimadores estão sujos ou desregulados, aumentando o consumo de gás.
2 – Os registros e as conexões devem estar sempre em perfeito estado.
3 – Em ausência prolongada (viagens) é recomendável fechar os registros de gás dos aparelhos.
4 – Recomenda-se não utilizar a temperatura máxima do aquecedor desnecessariamente.
5 – O local onde o aquecedor encontra-se instalado deve possuir ventilação permanente, pois o queimador consome oxigênio durante a combustão. Jamais deve-se eliminar ou reduzir a ventilação nestes ambientes.
6 – A queima de gás no aquecedor gera substâncias nocivas, que devem ser eliminadas através da chaminé. Portanto, recomenda-se verificar periodicamente se a chaminé está perfeitamente encaixada, ajustada e desobstruída.
7 – Se desejar, você pode tomar algumas medidas preventivas: tenha em casa um detetor de gás (pequeno aparelho vendido nas principais lojas de ferragem); mantenha o aquecedor (e o fogão) sempre limpo e regulado, efetuando revisões periódicas pelo menos uma vez por ano; e verifique, todas as noites, antes de deitar-se, se os registros e torneiras dos aparelhos a gás estão fechados.
8 – Nunca utilize fósforos ou isqueiros para detectar vazamentos nos equipamentos e nas instalações.
9 – Se você sentir cheiro de gás, abra as janelas e portas e verifique se o odor provém de fora. Se este for o caso, entre em contato com o zelador ou administrador de seu prédio para dar o aviso e pedir providências. Se o odor não provém de fora, mantenha as janelas e portas abertas e feche todos os registros de gás de sua residência (aquecedor, fogão à gás e qualquer outro ligado na rede de gás).
10 – Se você não conseguir identificar o vazamento, chame imediatamente o fornecedor de gás (no caso de gás encanado) ou um bombeiro de confiança (no caso de usar butijão de gás). Se possível deixe o local até que tudo seja resolvido.
11 – Observe a coloração da chama dos queimadores. Se a chama apresentar coloração azul é sinal que os queimadores estão regulados e a combustão está sendo completa e não deverá estar sendo produzido o gás letal. Se a chama apresentar coloração amarela é sinal que os queimadores estão sem regulagem e a combustão não está sendo completa e o gás monóxido está sendo produzido e, neste caso, há risco à saúde. O Aquecedor deve ser submetido imediatamente à manutenção.


APARELHOS ANTIGOS NÃO RESPEITAM NORMAS
A maioria dos aparelhos antigos não obedece as normas de segurança, como, por exemplo, as relacionadas ao diâmetro da chaminé e a validade de sua vida útil. Daí a indicação pela compra ou troca pelos modelos mais novos, fabricados de acordo com as normas e especificações técnicas. Ao utilizar o equipamento, é importante fazer uma análise visual da chama, que deve ser de cor preponderantemente azul e transparente, sem a excessiva formação de pontas amareladas. Com relação à sua propagação, é preciso verificar se ela apresenta partes apagadas ou se demora excessivamente para acender por inteira. Nestes casos, pode ser um indicativo de que o queimador esteja sujo ou desregulado.

->  O contato deve ser feito sempre com uma empresa ou profissional habilitado e credenciado para solucionar o problema. O consumidor deve estar atento e recusar profissionais que não possuem conhecimento técnico necessário, pois estão agindo irresponsavelmente e acabam muitas vezes criando um problema maior. Trabalhos incorretos colocam em risco vidas humanas, diz o engenheiro. Segundo ele, é preciso acabar com o mito de que os aquecedores a gás são perigosos. Os possíveis acidentes com esses equipamentos decorrem de instalações mal feitas por pessoas não habilitadas, que não seguem as normas de segurança. Além disso, os aparelhos são dotados de sensores de segurança, que em caso de vazamento ou superaquecimento cortam o gás automaticamente, fala.

-> O CREA-PR fiscaliza as responsabilidades técnicas das pessoas físicas e jurídicas que trabalham com projeto, instalação e manutenção dos aquecedores a gás. Já foram realizadas no passado ações de fiscalização em condomínios residenciais e junto com os síndicos destes condomínios, com o objetivo de fazer um trabalho de orientação sobre a necessidade da participação de um profissional habilitado para a realização dos serviços de instalação e manutenção dos equipamentos para aquecimento de água, conclui a gerente do DEFIS, Vanessa Moura.


Associação vê problemas em 40% dos produtos
Teste da Associação de Consumidores Proteste revelou que quatro dos dez produtos testados não são considerados seguros para os consumidores. Por isso, a Proteste denunciou os fabricantes ao Ministério Público de São Paulo, com o pedido de retirada preventiva dos aparelhos do mercado.

Dos dez aquecedores testados, quatro foram considerados perigosos: Orbis 315 HFBN GN e Rinnai REU 157 BR GN, por acumularem mais monóxido de carbono do que o permitido no ambiente ou em suas chaminés e o Rinnai REU 157 BR GLP, por sua alta temperatura externa poder causar queimaduras. O Lorenzetti LZ1600N GN, foi reprovado pela instabilidade de sua chama, que pode apagar no caso de uma rajada de vento.

Não se pode aceitar que aparelhos como esses continuem sendo vendidos sem qualquer medida corretiva. Como eles são etiquetados, encaminhamos os resultados ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e ao Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), requerendo a adoção de providências urgentes junto aos fabricantes, disse associação, em nota.

E como os problemas encontrados colocam em risco a saúde e segurança do consumidor, denunciamos os fabricantes também ao Ministério Público local, com o pedido de retirada preventiva dos aparelhos do mercado.