Franklin de Freitas

Para marcar o Dia Internacional de Combate a Violência Contra as Mulheres, coletivos e movimentos sociais realizaram diversas atividades ao longo desta semana, em Curitiba. As ações denunciam um problema que se agravou durante a pandemia: o número de casos de violência doméstica cresceu em 20% dos municípios ouvidos pela pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), durante 2020. No Paraná, somente o número de inquéritos de feminicídio cresceu 8% no estado em 2020 – foram 225 ao longo do ano.

Entre as ações, uma marcha foi realizada entre a Praça Santos Andrade e a Boca Maldita, reunindo dezenas de mulheres de movimentos sociais. A intenção será distribuir materiais informativos sobre as formas de violência contra as mulheres e como buscar ajuda. As atividades trouxeram como lema “Mulheres pela vida, semeando resistências, contra a fome e as violências”.

Cerca de 3 mil marmitas também foram preparadas e doadas a pessoas em situação de rua e famílias moradoras de comunidades em situação de vulnerabilidade, da periferia da capital e região metropolitana. As entregas foram nas praças Rui Barbosa e Tiradentes, na Vila Formosa, em comunidades da CIC, Parolin, na Vila Joanita (Tarumã), Vila Pantanal (Boqueirão) e na comunidade Nova Esperança, município de Campo Magro. Esta ação simboliza o apoio humanitário a quem tem enfrentado a fome.

A terceira iniciativa que marca as mobilizações da semana é a doação de sangue. Grupos de homens e mulheres estão se organizando para doações no Hemepar, localizado na Tv. João Prosdócimo, 145 – Alto da XV.

Para encerrar a semana de atividades, um mutirão de plantio, manejo e colheitas será realizado no assentamento Contestado, em agroflorestas comunitárias cultivadas por voluntárias/os do coletivo Marmitas da Terra. Os alimentos compõem os ingredientes utilizados semanalmente na ação Marmitas da Terra, que nesta semana completa 90 mil refeições doadas desde maio de 2020.

A ação é organizada pelo coletivo Marmitas da Terra, Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Liga Brasileira de Lésbicas, com apoio da Frente Feminista de Curitiba e RM, mandato da vereadora Josete (PT), APP Sindicato, Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (SindiEdutec) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A advogada Ana Paula Hupp, integrante do Setor de Direitos Humanos do MST e uma das organizadoras da ação, lembra que o Brasil está entre os cinco países mais violentos para as mulheres. “Estamos nos mobilizando para denunciar esta realidade, mas também mostrar que estamos em resistência, e é nessa resistência que temos construído outras relações, outras vivências, outro mundo possível, um mundo em que todas as pessoas possam viver com respeito e dignidade”, afirma.

Origem da data

O Dia Internacional de Combate a Violência Contra as Mulheres foi instituido em 1999, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A data homenageia as “Mariposas”, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana, por combaterem a ditadura no país, em 1960.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas — independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social.

Como procurar ajuda em caso de emergência

Em caso de urgência, ligue 180 ou 190. Em Curitiba, a Casa da Mulher Brasileira é o principal equipamento público que atua com rede de proteção e atendimento humanizado às mulheres que foram vítimas de violência. Está localizada na Av. Paraná, 870, no Cabral. 

Araucárias

Uma ação também foi feita no Palácio das Araucárias, também na Capital, coordenada pela Secretaria de Justiça.

Servidores do Governo do Estado e diversas entidades da sociedade participaram de uma manifestação para marcar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. O evento A Virada Feminina aconteceu defronte ao Palácio das Araucárias, em Curitiba, e foi coordenado pelo Departamento da Mulher da Secretaria de Estado de Justiça, Família e Trabalho (Sejuf).

A Virada Feminina é um movimento integrado por grupo de profissionais e mulheres de diversas áreas e comprometidas com a igualdade de gênero, raça, cidadania e o empoderamento da mulher, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. Participaram do evento Selene Almeida, presidente estadual do Movimento A Virada Feminina, e Cidinha Raiz, psicóloga e terapeuta, coordenadora do Grupo de Trabalho Raça e Etnia e embaixadora da Paz do Universal Peace Federation (UPF).

O secretário Ney Leprevost reforçou o posicionamento do Governo do Estado de coibir qualquer ato de violência. “A Virada Feminina é um ato simbólico de enfrentamento da violência doméstica, o feminicídio, como também de inclusão da mulher mais vulnerável na sociedade”, afirmou.