A missa de exéquias (honras fúnebres) por d. Aloísio Lorscheider foi celebrada hoje às 18h na Catedral Metropolitana de Porto Alegre com a presença de cerca de mil fiéis. O oficiante foi o cardeal d. Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, designado para a cerimônia pelo papa Bento XVI. D. Aloísio morreu domingo, aos 83 anos, de falência de múltiplos órgãos.
“Agradecemos a Deus por ter dado à Igreja essa figura extraordinária de mansidão, serenidade e equilíbrio, e que também sabia transmitir muita firmeza e energia para repreender, questionar e interpelar, como profeta, quando isso era necessário”, declarou d. Geraldo Lyrio Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também estava presente e se manifestou sobre o legado de d. Aloísio. Segundo ele, o cardeal foi um “gigante” na defesa da democracia e dos direitos humanos e trabalhou para manter a Igreja próxima do povo. “Uma vez reconquistada a democracia no Brasil, (d. Aloísio) manteve-se discreto e humilde, como era de seu feitio.”
D. Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil, destacou “seu desapego total aos bens materiais” e as ações corajosas em defesa dos mais necessitados. “Ele foi decisivo para a história do Brasil e importante para a Igreja, porque ajudou a implantar as orientações do Concílio Vaticano II”, complementou d. Lorenzo.
Durante a missa, o corpo de d. Aloísio foi circundado pela guarda de honra dos Dragões da Independência da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.
BEM-AVENTURANÇAS – De manhã, cerca de 400 pessoas já haviam participado da primeira homenagem do dia ao cardeal, uma missa da família franciscana. Na celebração, o bispo de Uruguaiana, d. Aloísio Dilli, citou as bem-aventuranças do Sermão da Montanha para lembrar que d. Aloísio se enquadrava em todas elas, por ser humilde, simples, pobre e misericordioso e se dedicar à defesa dos injustiçados e à promoção da paz, submetendo-se às perseguições por causa de seu testemunho evangélico.
A irmã Terezinha Cruz, 77 anos, que foi secretária da arquidiocese de Fortaleza à época de d. Aloísio, viajou do Ceará ao Rio Grande do Sul para representar a congregação das Missionárias de Jesus Crucificado. “Eu ficava impressionada com a simplicidade dele ao visitar o povo”, recordou.
ENTERRO – O corpo será sepultado amanhã (27) às 17h no cemitério que os franciscanos mantêm ao lado do Convento São Boaventura, em Imigrante, a 130 km de Porto Alegre.