Dida Sampaio/Estadão Conteúdo – Moro: filiação ontem em Brasília

Em um claro sinal de que pretende disputar a Presidência da República em 2022, o ex-juiz paranaense Sergio Moro se colocou à disposição do povo brasileiro para, nas palavras dele, “assumir a liderança” de construir um País justo para todos. “Queremos construir juntos esse projeto, ouvindo as ideias de todos. Não é só um projeto para reconstruir o combate à corrupção. Isso faz parte dele, mas ele vai muito além. É um projeto para construir o País. Meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro “, disse ele, ontem, durante evento de filiação, em Brasília.
Moro se lança como um candidato de terceira via para as eleições presidenciais, que aglutina nomes para ser uma alternativa às candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a filiação de Moro ao Podemos, a pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem indica que o ex-juiz da Lava Jato desponta como a potencial terceira via na polarização entre Lula e Jair Bolsonaro e numericamente à frente de Ciro Gomes (PDT-CE).
No discurso, o ex-juiz ainda relembrou sua trajetória na Operação Lava Jato e afirmou que fez “justiça na forma de Lei”. Segundo Moro, após sua atuação na investigação, ele acreditava que o sistema político iria se corrigir e que o interesse da população seria colocado em primeiro lugar. “Isso não aconteceu, infelizmente. E embora tenha muita gente boa na política, nós não vemos grandes avanços”. Moro, que estava residindo nos Estados Unidos, disse que esse foi o motivo que o fez retornar ao Brasil.
Embora tenha dito sempre durante a Lava Jato que não abraçaria a carreira política, Moro afirmou que “não podia ficar quieto, sem falar o que penso, sem pelo menos tentar mais uma vez, com você, ajudar o país”. “Então resolvi fazer do jeito que me restava: entrando para a política, corrigindo isso de dentro para fora”, disse ele.
Em tom nacionalista, Moro afirmou que o País pode confiar “que este filho teu não fugirá à luta”, em referência ao Hino Nacional brasileiro. Ele ainda cita que jamais deixará seu interesse pessoal, de familiares ou partido, acima do interesse do povo brasileiro, além de fazer a promessa de que não renunciará aos seus princípios e compromisso. Sem abandonar o discurso contra corrupção, sua maior aposta, Moro adicionou as pautas que considera prioritárias, como o combate à pobreza, o olhar para o meio ambiente e a economia. Moro prometeu a criação de uma força-tarefa de combate à pobreza, ressaltando que esta, permanente, não teria “interesses eleitoreiros”, além da criação de uma corte nacional contra corrupção. “Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar a população”, afirmou, no evento de filiação, que ocorreu em Brasília, em um claro recado para o presidente Bolsonaro e para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus prováveis adversários na disputa pela Presidência.