A atriz Cleo Pires, estrela da edição dos 35 anos da Playboy, sintetizou muito bem a força com que toma decisões na vida: Não gosto de fazer nada igual, nem de me comparar. Quero fazer a minha história. Por isso, não há divergências entre sua mãe, Glória Pires, e a filha. Glória também recebeu convite da Playboy, como argumentou uma repórter presente na coletiva de imprensa organizada em São Paulo. Eu não sou minha mãe. Eu sou eu, afirmou. Minha mãe me disse que, se eu estivesse feliz com a escolha, que eu fizesse com fé. E fiz.
Mesmo duplamente nua na Playboy – a edição que chega às bancas dia 10 terá pela primeira vez dois ensaios com a mulher da capa – Cleo surpreendeu ao se declarar tímida. No trato com a imprensa, porém, ela esbanjou atitude e franqueza. Ao ser indagada sobre a razão que a motivou a posar, ela respondeu: É um ótimo canal para me expressar – e eu tenho um lado exibicionista. Fiquei com vontade. E ajudou o fato de ter feito isso em uma revista de primeira.
Prosseguindo com a maratona de respostas, ela também revelou: Não preciso de artifícios para me sentir à vontade. Como é sabido, muitas estrelas de Playboy pedem algumas taças de champagne para encararem, nuas, a equipe de produção do ensaio. Mas em tudo, Cleo parece ter buscado uma experiência genuína, como se uma mola propulsora interna a tivesse atirado à frente das lentes de Bob Wolfenson e Jacques Dequeker – livre de todos os papéis que representou, despida de qualquer máscara. Cleo dispensou personagens em seu ensaio, não se inspirou em Capitus nem em Iracemas, contrariando quem pensa que aquelas caras e bocas nasceram de alguma outra musa: Eu fui eu mesma e pronto. Entre as coisas que a inspirou, está um poema de Fernando Pessoa que sintetiza bem este momento: Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo (…) É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado pra sempre à margem de nós mesmos.
Nada mais apropriado, portanto, que a revista tivesse dois ensaios, duas capas, para abraçar a atriz em toda a plenitude que ela quis demonstrar. Diante dessa situação inédita, em que a estrela bisa seu ensaio já de início, Cleo foi enfática: Não me peçam para eu escolher uma das capas! Adoro a capa do Jacques, que é bem rock n’roll. A do Bob também é ótima, mais romântica. Maitê Proença, Alessandra Negrini, Marisa Orth e Fernanda Young foram algumas das capas da Playboy que a atriz considerou belas.
Sobre a já polêmica foto em que ela surge nua com dois homens, Cleo procurou contemporizar. Foi tudo muito natural e as dificuldades tiveram ordem técnica: quando um ficava bem na foto, o outro não ficava. Posei com meninos bonitos, mas normais, sem nenhum exagero no corpo. A atriz, que é adepta das tatuagens e exibe o já citado poema de Fernando Pessoa em sua coxa direita no ensaio de Bob, revelou: Essa do Fernando é falsa, fiz só para a revista. Mas tenho sete. Duas são inspiradas em músicas: Live And Let Die (título de um clássico de Paul McCartney) e One Love (extraída do repertório de Bob Marley). Cleo não revelou, mas uma de suas tatuagens está localizada em um local tão estratégico que seus fãs só poderão ver na Playboy. Ela deixou no ar que alguns mistérios só serão desvendados na publicação: Não dá pra ver todas na capa.
E o namorado de Cleo? O que terá achado das fotos? Nossa relação é muito maior do que isso, a gente se ama demais. Nem um pouco de ciúmes dos dois garotos? Foi tudo muito profissional. Ele vai achar o resultado lindo, do ponto de vista do valor artístico.
Sua mãe, Glória Pires, não viu o ensaio, assim como nenhum de seus dois pais, Fábio Jr e Orlando Moraes. Mas pensa bem: se eu tivesse que pedir a opinião a todos que eu conheço sobre o ensaio, não faria nada além disso. Minha família é enorme.
Agora, é aguardar a festa de aniversário da Playboy, programada para o dia 9 de agosto no Rio de Janeiro, na Sociedade Hípica Brasileira. Vou estar bem bonita. Alguém duvida?