Hoje em dia é gratificante encontrar artistas que saibam lidar compintura. Com tantos meios eletrônicos à disposição para quem quertrabalhar com arte é de admirar o ressurgimento da pintura tal como vemocorrendo. Aliás, esta tendência eu já tinha notado quando visitei aArte Forum Berlim, convidada pelo Governo da República Federal daAlemanha, em 2004.  

Um dos destaques da pintura em nossa cidade é Felipe Scandelari, cuja produção artística venho acompanhando já faz algum tempo.
Curitibano, nascido em 04/09/1981, Felipe é bacharel em pintura pelaEscola de Música e Belas Artes do Paraná e cursou dois anos deLicenciatura em Artes Plásticas na UFPR, além de ter sido orientado, de1999 a 2004, por Paulo Dias. Ali, no Espaço Cultural Pró-criar,freqüentou cursos de desenho avançado e teoria da cor, começando pelodesenho com o lado direito do cérebro. Também teve aulas de modelo vivono Solar do Rosário.   Isso sem contar que Felipe foi daqueles meninosque aos sete anos já estava desenhando e pintando no Centro Juvenil deArtes Plásticas Guido Viaro, graças ao apoio de sua família que cedoreconheceu nele o talento inato.

Tendo iniciado sua carreira em 1999, quando apresentou obras naExposição Coletiva Pró-Criar e três anos depois ganhou o PrêmioPró-Criar de Produção Artística 2002, prosseguiu expondo em 2003 naMostra de Artes EMBAP, já então como aluno.
Em 2002, ele realizou uma exposição individual no Atelier do Artista,em Curitiba e, em 2004, sua primeira individual de caráter oficial, naEstação Arte, pela Fundação Cultural de Ponta Grossa/PR.

Conheci suas obras em 2005, quando suas obras foram selecionadas para o9o Salão de Artes Plásticas do Graciosa Country Clube de Curitiba, noqual atuei como membro do Júri. Dias depois tive oportunidade depremiá-lo na 16a Mostra Cascavelense de Artes Plásticas em Cascavel/PR,pela pintura que ilustra esta coluna e que hoje faz parte do acervo doMuseu de Arte de Cascavel. Também participei do Júri do 10o Salão deArtes Plásticas Graciosa Country Clube que lhe concedeu Menção Especialem 2006.

Mas, o artista estourou mesmo foi no ano passado, freqüentando o AteliêLivre de Arte Contemporânea Edilson Viriato.  Em 2006, ele expôs na 7aMostra da Câmara Municipal de Curitiba; no 2o Salão Tendências Internasda Belas Artes; na Coletiva Variações Espaço Cultural Jayabujamra e 4oArte na Sacola Contemporânea, ambos nesta cidade e na 3a Mostra deArtes da Câmara Municipal de Ponta Grossa.   E, mais importante, foiselecionado para a o 30o Salão de Artes Plásticas de Franca/SP; o 24oSalão da Primavera do Clube Concórdia em Curitiba; o 6o Salão de ArtesVisuais de Guarulhos/SP; o 38o Salão de Arte Contemporânea dePiracicaba/SP, culminando na sua participação no 11o Salão Paulista,Museu de Arte Contemporânea da USP em São Paulo.   Também em 2006,Felipe foi selecionado para a Bolsa Produção da Fundação Cultural deCuritiba, para a qual está elaborando uma pesquisa fundamentada emquestões do real, diferente de seus trabalhos habituais.   Desde que vios trabalhos de Scandelari, eles chamaram minha atenção por uma sériede conceitos nelas embutidos. Sua arte brinca – seriamente – com umacoletânea de figuras de desenhos animados, histórias em quadrinhos e personagens conhecidos de todos, colocando-as em situações, no mínimoengraçadas, para não dizer eróticas.
  Entretanto, sob a aparência de uma certa ingenuidade, a obra deScandelari revela-se altamente irônica, mordaz, apresentando uma facedissimulada jamais imaginada por um Walt Disney. A subversão que oartista executa traz questionamentos à tona, um deles a influência queos personagens podem exercer no público infanto-juvenil. Porém, não sepode esquecer da crueldade nas antigas histórias infantis.
Por outro lado, Scandelari executa uma fatura das mais elaboradas em setratando de pintura contemporânea. Percebe-se que é um artista queconhece e gosta do ato de pintar, da ação de empastar e dar volume àtela, tanto por meio de objetos acrescentados quanto por meio desombras, contrastes de cores, estudos de formas e superfícies. Ao longesua obra é só pintura; na aproximação a superfície salta e se moveduplamente: em direção ao olhar e em direção à profundidade que somentea análise de cada pormenor possa sugerir.