A Airbus confirma que, pelos padrões internacionais, um avião pode ser autorizado a voar sem que o reverso da turbina esteja em pleno funcionamento. A empresa, com sede na França, recusa-se a declarar, oficialmente, sobre o caso e alerta que apenas se pronunciará quando as investigações estiverem concluídas. Mas fontes da companhia afirmam que a versão da TAM Linhas Aéreas estaria correta ao defender o vôo, mesmo sem o funcionamento do equipamento.
Especialistas europeus também negam que a falta do reverso seja a causa principal do acidente e apontam que a TAM estava ainda dentro do prazo em que poderia usar o aparelho sem arrumar o defeito.
A peça é usada para ajudar a frear o avião no pouso, mas, em caso de estar bloqueada, não significaria que o aparelho não poderia pousar, segundo os manuais da empresa.
De acordo com a Airbus, cinco dos principais técnicos da empresa foram enviados até São Paulo para ajudar nas apurações, assim como autoridades francesas. Pela regras internacionais, um acidente aéreo deve ser investigado pelo país onde ocorreu o desastre, pelas autoridades da nação onde está a sede da construtora de aviões e pela empresa que o vendeu. Conforme a Airbus, os especialistas trabalham no caso.
Para o especialista em aviação Pierre Condom, “não há como dizer que o acidente ocorreu por causa exclusiva do defeito no reverso”.
“O manual da Airbus deixa claro que um avião pode voar nessas condições, ainda que avise que certos cuidados devem ser tomados. Um desses cuidados é o de garantir que haja pista suficiente para um pouso. Nesse caso, são os controladores que precisam avisar aos pilotos quais são as condições”, disse.
Condom, que atua como consultor para assuntos relacionados à aviação na Europa, afirma que a Airbus dá dez dias para que o defeito no mecanismo seja corrigido pela empresa aérea. Só após esse prazo é que se recomenda não usar o aparelho “O defeito no avião da TAM havia sido registrado três dias antes do desastre. Portanto, o avião estava voando dentro do padrão”, disse. “Todos os dias, há um avião no mundo, de uma grande companhia, voando sem o reservo”, afirma. Na opinião dele dois fatores podem ter pesado para o acontecimento: a má apreciação das condições da pista por parte do aeroporto e o fato de os pilotos terem subestimado a capacidade de frear.