Brasília – A Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo da Câmara resolveu funcionar durante o recesso parlamentar após o acidente com o avião da TAM. Na terça-feira (24), um grupo de deputados visitará o centro de manutenção da TAM em São Carlos, no interior de São Paulo.
A investigação sobre as causas do acidente da última terça-feira, em Congonhas (SP), ainda estão em curso. Mas uma das hipóteses levantadas desde então é de que tenha havido falha técnica da aeronave, que por isso não teria conseguido frear a tempo. Está em discussão o funcionamento do reverso, equipamento utilizado para frenagem que causou a queda de um Fokker 100 da mesma companhia em 1996, no mesmo aeroporto.
A ida a São Carlos foi aprovada em reunião realizada na última sexta-feira, quando os deputados decidiram também pedir uma série de informações à TAM, tais como cópias dos documentos relativos às manutenções realizadas nos meses de janeiro a julho na aeronave acidentada e dados sobre a tripulação.
À Aeronáutica, a CPI decidiu pedir o número de vôo, nome da empresa, horário e nome do piloto e co-piloto presentes nas dez últimas aterrissagens que antecederam o acidente, além do nome do piloto e co-piloto da Pantanal Linhas Aéreas que derrapou no dia anterior em Congonhas e dos nomes dos controladores civis e militares presentes no momento do acidente da TAM. Na última quinta-feira, a Infraero revelou diálogos entre pilotos e controladores com reclamações de que a pista estava escorregadia.
Na quarta-feira, os parlamentares devem ouvir o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e o vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo. Para quinta-feira, estão marcados depoimentos do presidente da Pantanal, Marcos Sampaio Correia, e do do superintendente da Infraero de São Paulo, Edgar Brandão Júnior.
Na última sexta-feira, a CPI aprovou 33 requerimentos, entre pedidos de informação e convocações. A comissão definiu ainda que dois parlamentares vão acompanhar nos Estados Unidos a perícia nas caixas-pretas do vôo da TAM. O relator Marco Maia (PT-RS) embarcou ontem à noite e irá se encontrar com Efraim Filho (DEM-PB), que já estava em Nova York, em viagem particular. Juntos, vão se deslocar até Washington, onde entrarão em contato com os oficiais da Aeronáutica encarregados de acompanhar a perícia.
Ontem, a Aeronáutica descobriu que parte do material foi enviada para os Estados Unidos por engano, pois não era na verdade o gravador de áudio da caixa-preta. Mas informou que já encontrou o material correto.
A CPI foi criada em maio para investigar as causas, conseqüências e responsáveis pela crise do sistema de tráfego aéreo brasileiro, que ganhou notoriedade após o acidente ocorrido no dia 29 de setembro de 2006, envolvendo um Boeing 737-800 da Gol (vôo 1907) e um jato Legacy. Morreram 154 pessoas.
No dia 12 de julho, foi apresentado relatório parcial sobre o acidente da Gol. Segundo Marco Maia (PT-RS), o fato de os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino terem desligado o transponder do Legacy foi decisivo para o acidente – o transponder é um aparelho capaz de evitar colisões entre aeronaves. O relator concluiu que mesmo em caso de falha de todos os mecanismos do sistema de controle do espaço aéreo brasileiro, entre eles os radares e rádios, o choque não teria ocorrido se o equipamento de segurança estivesse ligado.
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