Fábio (nome fictício) é comandante de aeronaves comerciais. Com 10 mil horas de vôo. Ele foi um dos pilotos que se recusou a pousar hoje (23) de manhã no Aeroporto de Congonhas, quando a chuva era forte. Sem meias palavras, ele admite o motivo: “Foi medo mesmo”, disse em Congonhas. O piloto pousou no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.

Os pilotos das principais companhias aéreas do País, TAM, Gol, Varig e Ocean Air, entraram em acordo e se recusam a pousar em Congonhas em dias de chuva. Eles temem a repetição de acidentes como o ocorrido com o Airbus da TAM, que completa uma semana nesta terça-feira (24). Em dias de chuva, seguem para os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas. A BRA suspendeu vôos em Congonhas desde a sexta-feira passada até a próxima segunda-feira.

“Em 18 anos nessa vida nunca vi tamanha falta de respeito”, disse, comparando a pista de Congonhas ao asfalto de uma rua onde passam carros. “Quando chove fica alagada. É impossível manter o controle de uma aeronave lá.”

Ele critica a torre de comando por não ter fechado a pista antes (a Infraero determinou o fechamento às 10h25 para medição e às 11h26 por más condições). “Ninguém pousa mais lá nessas condições.”

“É impossível pousar em Congonhas num dia como esse”, diz outro comandante de vôo. Ele afirma que, após a reforma, as pistas do aeroporto – principal e auxiliar – estão mais inseguras. Culpa da falta das ranhuras transversais, que dão aderência e dificultam derrapagens.

“A verdade é que as pistas sempre foram ruins e a decisão tomada já deveria ter sido tomada antes”, disse um terceiro comandante ouvido pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, com 115 mil horas de vôo. Segundo ele, a pista auxiliar tem mais aderência que a principal. “Por incrível que pareça.”