O grande pioneiro da Op-Art, ou Optical Art, foi, sem dúvida, Victor Vasarely quando, em princípios de 1930, criou seus primeiros desenhos intitulados “proto-Op”.
Derivados do movimento abstrato-construtivista, que tinha sua maior representatividade no Suprematismo, no De Stijl e na Bauhaus, as obras da Op Art destacavam as formas geométricas, as análises da cor e os aspectos óticos obtidos pelos contrastes ou alternâncias entre cor e luz.
Aliás, bem em seu início, a Op Art também admitia artistas da Arte Cinética, trabalhando com movimentos, tempo e espaço, dos quais grandes nomes são Naum Gabo, Man Ray, e no Brasil: Alexander Calder, que morou no Rio de Janeiro e Abraham Palatinik.
A Op Art englobava os movimentos citados acima, que incluía artistas como Max Bill – o grande vencedor da Bienal de São Paulo – Josef Albers e Richard Paul Lohse, entre outros, como herdeiros de uma linhagem de artistas que provinha de Delaunay, Mondrian, Malevich, Moholy-Nagy e Van Doesburg.
Mesmo assim, quando a Op Art despontou em 1964, e foi confirmada pela exposição “Responsive Eye” em New York, realizada um ano depois, as obras executadas com o propósito direto e explícito da Op Art, suscitaram dois tipos de reação. Pelo fato de ter sido um sucesso junto ao público, atraíram os mais diferentes opositores dentro do mundo artístico, que não apreendiam o sentido direto da Op Art. O maior argumento contrário foi pelo fato dela ter sido aproveitada imediatamente pelo comércio e pela indústria da moda.
Outra conseqüência atingiu muitos dos próprios artistas que passavam dias e dias compondo, pintando e fundamentando esteticamente seu trabalho e que acabaram por se sentir lesados devido à apropriação indevida de suas obras pelo mercado.
Passados os anos e as paixões atenuadas, já faz um bom tempo em que se reconhece a qualidade estético-artística da Op Art, em suas duas principais correntes: a direta – em que as obras foram produzidas para explorar os contrastes óticos que os olhos captam e a outra em que as formas são utilizadas em modo figura/campo.
E, falando em Op Art, uma vertente dela – evidente que em outro “approach” – está hoje aberta ao público, na exposição “Belvedere”, de Lílian Gassen, no Museu da Gravura Cidade de Curitiba. (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533 – fone 41 3321-3269).
Lílian, que já realizou a individual “observatório”, no Museu Metropolitano de Arte, em novembro de 2004, agora nos apresenta mais uma, resultado de sua classificação no 3° Edital Bolsa Produção para Artes Visuais do Fundo Municipal de Cultura de Curitiba.
Nascida em Cascavel, Paraná em 1978, a artista é Licenciada em Desenho e Artes Plásticas pela UFPR, cursos terminados em 2000 e 2001. Atualmente, ela faz mestrado em História pela mesma instituição.
Desde 2000, Lílian integra o grupo Pipoca Rosa, cujo aparecimento representa, pela criatividade aguçada, um grande destaque na recente arte paranaense. Ninguém esquece a “Performance das Pipocas”, que o grupo realizou em dez instituições de arte de Curitiba, em novembro de 2000.
Fazendo parte das coletivas do Pipoca Rosa, Lílian já expôs no MAC-PR em 2000 e 2004 e no Complexo Antártica do MAC de Joinville, SC, em 2003.
Orientada por vários mestres da arte paranaense, seu aprendizado passa por nomes como Elvo Benito Damo e Geraldo Leão, cuja Oficina Permanente de Arte na Universidade Federal do Paraná, ela freqüentou de 1998 a 2003, complementada pela Oficina de História da Pintura da UFPR, em 2001.
Também participou do 57° Salão Paranaense, em 2000; 4ª Mostra de Escultura João Turin, em 1997; Sala Arte & Design, Coletiva UFPR, em 1999; “Pontos de Vista”, Galeria da Caixa de Curitiba, em 2001; “nome”, curadoria de Daniela Vicentini e Simone Landal, na Casa Andrade Murici e “A matriz e a linguagem”, curadoria de Geraldo Leão, no Museu Biblioteca Córdoba – na Argentina, ambas em 2004.
Em suas obras, nada é feito ao acaso. A combinação e/ou contraste de cores num embate entre as tonalidades e o fundo mais neutro, faz com que suas cores vibrem enfatizadas pelas formas sinuosas. Produto do conhecimento, do estudo e pesquisa em cores, a pintura de Lílian Gassen apresenta um equilíbrio difícil de ser alcançado, principalmente na adição de uma extrema sensibilidade, o que a difere mais do que tudo da Op Art.