A gravura de Marcio Périgo

Nilza Procopiak



Abre amanhã, 09 de outubro, às 19h, a exposição “Caos Aparente – Gravuras de Marcio Périgo”, com minha curadoria, nas Salas do Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, (R. Carlos Cavalcanti, 533 fone 41-3321-3334).


Às 19h30m, na Sala Scabi, no mesmo endereço, os gravadores Marcio Périgo e Cláudio Mubarac participarão da “Hora da Prosa”, evento da Diretoria do Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba. Os temas propostos abordam questões sobre gravura, sendo “Objetos Frágeis” o título da palestra de Mubarac e “Notas sobre a série Caos Aparente” o de Périgo.


Marcio Donato Périgo nasceu na cidade de São Paulo SP, em 17 de março de 1949. Artista plástico, desenhista e gravador, ele vive e trabalha em São Paulo e Campinas, tendo iniciado seus trabalhos de gravura em metal em 1972, orientado por Evandro Carlos Jardim.


Entre 1974 e 78, cursou e concluiu o Bacharelato em Comunicação Visual na Fundação Armando Álvares Penteado / FAAP. Em 2001, foi titulado Mestre pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Artes / UNICAMP.


Recebeu, em 1974, o Prêmio Melhor Gravura da FAAP e o Prêmio VII Salão Paulista de Arte Contemporânea. Foi premiado no I Salão Universitário Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro, em 1976. A partir de 1977, passa aministrar cursos e participa da montagem de oficinas de gravura para atividades didáticas. Neste mesmo ano, organiza a oficina para gravura e desenho no Atelier Escola Ltda.


Seu relacionamento com o Paraná começou em 1980, quando participou da III Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba, sendo também premiado na V Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba, em 1982.


Em 1984, juntamente com o arquiteto João Villanova Artigas e Vírgínia Artigas, montou um atelier para aulas de gravura e discussão sobre arte. Em seu currículo de orientador constam diversos cursos de gravura, entre os quais: em 1985, na Casa da Gravura (hoje Museu da Gravura Cidade de Curitiba); em 1988, no X Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais; em 1990, na Universidade Federal de Uberlândia, MG e no ano seguinte no Museu de Arte Contemporânea da USP. Foi professor da disciplina Gravura I na Faculdade Santa Marcelina, na capital paulista, entre 1993 e 1999.


Desde 1998, participa da elaboração e correção de provas de habilidade específica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Atualmente é professor de Práticas de Oficina I, I e III e Gravura no Instituto de Artes da UNICAMP e de Desenho, Marcenaria e Gravura na Graduação de Desenho Industrial na Mackenzie.


Marcio ganhou, em 1989, a Bolsa da Fundação VITAE relativa às Artes Plásticas, o que lhe possibilitou terminar a série “Caos Aparente”, que vinha desenvolvendo desde 1972. As quatro tiragens em PA (= prova do autor) da série foram doadas pelo gravador ao MAC-USP e Pinacoteca do Estado em São Paulo, ao Museu Nacional de Belas Artes RJ e Museu da Gravura Cidade de Curitiba. Em sua obra, uma das linguagens mais destacadas tem características que a aproxima não só dos trabalhos realizados pelos artistas da Bauhaus, como de outros das décadas de 20 e 30 do século passado, que até hoje continuam influenciando a arte, a arquitetura e o design contemporâneos. Nestas gravuras, sólidos geométricos, estruturas complexas, ecos da arquitetura se misturam às sombras e projeções de luzes e se tornam tridimensionais pela posição que ocupam na obra. Lembrando a pintura metafísica de De Chirico, há nelas relações e interações ambíguas entre objetos. As “Construções” de Bruno Taut, a arquitetura de Le Corbusier – Charles-Édouard Jeanneret, as pinturas do Futurismo, derivações do Cubismo são referências que o artista suscita ao compor esta série de universos relacionais nos quais entra, com grande impacto, o seu mundo subjetivo. Ao lado desta, existe outra linguagem em que o desafio vai pelo lado da apreensão do real no cotidiano, como as jarras, vasos em arranjos de naturezas mortas, ou demais artefatos criados pelo homem como barcos, cavaletes, além de retratos, nos quais se salienta a sutileza da gradação de cinzas, rarefeitos em certas áreas da gravura. Porém, a obra de Marcio Périgo não se esgota aqui. Como já foi antes referido, em sua obra relacional há inúmeras linguagens que se cruzam, se complementam e se antepõem.