De parabéns, o tradicional Clube Concórdia, por trazer novamente um dos mais importantes salões de arte da história paranaense! O Salão da Primavera, criado na década de 40, representou para Curitiba tanto quanto a Bienal de São Paulo para a capital paulista, em termos do estabelecimento de parâmetros das linguagens artísticas da época e de renovação do panorama da arte.
Wilson José Andersen Ballão, neto do nosso Pai da Pintura Paranaense – Alfredo Andersen – e, portanto, a pessoa mais indicada para fazer renascer este evento, pois carrega no sangue a questão de batalhador e mecenas das artes plásticas, é o Vice-Presidente do clube. Acompanhado do Presidente Cláudio Luiz Mäder e do Diretor Social e Cultural Tito Lívio Pospissil, eles tiveram como meta, nas palavras de Wilson: “resgatar a vocação cultural da instituição, fator não somente gerador de sua função, mas também alicerce de seus anos de glória. A volta do Salão da Primavera é para nós o marco fundamental desse resgate. Mesmo enfrentando grandes dificuldades, logramos realizá-lo.”
É interessante o uso da palavra “volta” em relação ao evento, porque, na realidade, não há modo do salão retornar exatamente aos moldes dos realizados anteriormente. No seu início, ele acontecia como uma exposição de arte relacionada ao mês de setembro, consequentemente, à primavera, o que motivava a apresentação de muitas obras, principalmente pinturas à óleo, relacionadas à estação das flores e paisagens. Durante algum tempo correspondeu a este objetivo mas, a partir de 1961, quando ocorreu uma grande reviravolta nos trabalhos apresentados, principalmente por ser o “ano Calderari” no qual o artista Fernando Calderari estourou em todos os eventos artísticos revelando sua linguagem abstrata, não houve e nem poderia haver retorno às poéticas anteriores. Assim, aproveitando o outro significado da palavra “volta”, que também quer dizer uma nova direção que determina uma progressão do caminho condizente ao século 21, as obras deste salão estão firmemente alicerçadas na arte contemporânea.
Daí que, o Júri de Seleção e Premiação do Salão da Primavera 2006 do Clube Concórdia, composto por Amarílis Puppi, Ennio Marques Ferreira, João Henrique do Amaral, Ronald Simon e esta colunista, teve como critérios: a) adequação entre a intenção do artista, a elaboração da obra e o resultado apresentado e b) inserção da obra no universo da atualidade.
Das 117 inscrições baseadas em fotografia e currículo, foram selecionadas 40 propostas, dos artistas: Akiko Mileo; Ana Maria Mauad; André Luiz; André Malinski; Antonio Temporão; Celso Setogute; Cesar Machado; Claudia de Lara; Claudine Watanabe; Claudio Boczon; Cristiano Balzan; Daniel Chaves; Daniel da Cruz; Felipe Scandelari; Francis Rodrigues; Gengivas Negras; Georgiana Vidal; Geraldina Galléas; Geraldo Zamproni; Giovani Camargo; Glaucia Flügel; Henrique Neiva; Irani Spiacci; Jayabujamra; José Mianutti; Juliano de Barros; Katia Velo; Lua Clara Sant’Ana; Malah; Marília Sielski; Mirna de Oliveira; Odilon Ratzke; Rones Dumke; Sabine Feres; Sandra D. Bonet; Sandra Hiromoto; Selda Schilklaper; Silvio Rodolfo Santos; Soraia Savalis e Valdir Francisco. O júri reuniu-se novamente, desta vez para analisar as obras de arte envidas pelos selecionados e dentre elas escolher as premiadas.
O Primeiro Lugar – Prêmio Aquisição Alfredo Andersen, no valor de R$4 mil, oferecido por Andersen Balão Advocacia, foi para o artista plástico Rones Dumke pela obra “Bronzino. Eleonora de Toledo”; o Segundo Lugar – Prêmio Aquisição Durski, no valor de R$3 mil, oferecido pelo Restaurante Durski, para o artista plástico Silvio Rodolfo pela obra “Caos Organizado” e o Terceiro Lugar – Prêmio Aquisição Alemanha, no valor de R$2 mil, oferecido pelo Cônsul Honorário da Alemanha em Curitiba, para o artista plástico DACH pela obra “Matéria Inominada”.
Destaque-se também aqui o excelente e sensível trabalho de curadoria de Amarílis Puppi. Um verdadeiro desafio para a montagem das obras de arte, dado que o local não é propriamente um espaço branco sem interferências. Apresentando uma bela arquitetura requintada e escultórica, além de cores diversas, o prédio, no caso, se revela extremamente difícil na hora de expor arte contemporânea. Contornando as dificuldades, a curadora conseguiu transformá-las em meios para incrementar a visualização das obras. O Salão da Primavera 2006 pode ser visitado até 12 de dezembro, no horário comercial (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 815 fone 41-3222-8685).
Assine
e navegue sem anúncios