É uma rara oportunidade, esta que o Goethe-Institut Curitiba está proporcionando ao publico interessado em fotografia.
Está aberta no Espaço Cultural BRDE, a exposição “Stefan Moses” que apresenta um panorama abrangente daquele que foi um dos mais representativos fotógrafos alemães da segunda metade do século 20. No outono de 2002, o Museu da Fotografia do Museu Municipal de Munique, onde se encontra o acervo do fotógrafo desde 1995, organizou a primeira retrospectiva abrangente do artista. Logo depois, esta exposição percorreu diversos museus na própria Alemanha e na Europa. E no Brasil, Curitiba é a única cidade a receber as 46 fotografias inéditas de Stefan Moses.
Nascido em Liegnitz, Silésia, em 1928, ele trabalhou para revistas como “Das Schönste”, “Revue”, “Magnum” e, desde 1960, para a “Stern”. Paralelamente, ele desenvolveu uma série de projetos livres, nos quais ele captou o espírito de uma época, retratado por meio dos milhares de pessoas que fotografou.
Permanecendo fiel ao retrato como linguagem fotográfica e simultaneamente como reprodução psicológica de múltiplas facetas da sociedade germânica, “A Alemanha e os alemães” tornou-se o tema de sua vida e seus ciclos fotográficos reproduzem o desenvolvimento social e cultural daquele país.
Seu projeto “Retratos do Oriente”, realizado entre 1989 e 1990, pode ser visto como o trabalho fotográfico mais importante a respeito da reunificação alemã. Sob os auspícios do Museu Alemão de História, Moses atravessou a antiga República Democrática da Alemanha – o lado oriental do dividido território germânico – e pôde terminar sua abrangente série fotográfica sobre os alemães do lado oposto do muro. Muro este que foi repentinamente derrubado naquela mesma época, surpreendendo o mundo, pelo inesperado acontecimento que restabeleceu a antiga configuração do seu território, fato tão aguardado pelo povo alemão. Com esta série fotográfica, o Museu Alemão de História foi inaugurado em 1991, na Casa de Testemunho de Berlim.
A Dra. Claudia Römmelt, diretora do Goethe-Institut Curitiba, explica: “Muitos retratos individuais, de políticos e filósofos, de escritores e artistas, açougueiros e cozinheiros, somam-se em sua multiplicidade, resultando num retrato da sociedade alemã. Seus trabalhos não visam uma conotação política e sim uma conotação profundamente humana. A intimidade próxima ao ser humano concede à fotografia em preto e branco uma expressão comovente, especialmente significante numa era como a nossa digital”. E, para Claus Heinrich Meyer: “A obra de Stefan Moses é sinônimo para fotografia na Alemanha”.
Moses retratou os alemães por mais de quatro décadas, aproximando-se de seus conterrâneos com uma rara sensibilidade analítica e uma dedicação amável. Seu olhar sobre os fotografados se revela lírico, curioso e pesquisador.
Por um lado, na série “Auto-retratos espelhados” ele incentiva os intelectuais alemães a se autofotografarem diante de um espelho, enquanto ele, como diretor que concebe as idéias, permanece na retaguarda, com uma segunda câmera, registrando as reações dos primeiros ante ambas as fotos que estão sendo tiradas. A dos intelectuais e a dele, que captura além do ambiente, as relações entre as fotos apontando para a auto-reflexão, ao introduzir um novo conceito para o auto-retrato.
Outra série presente na mostra, a “Floresta Alemã”, registra poetas, filósofos e políticos passeando por entre árvores, troncos e folhas, numa rara oportunidade de convivência com a natureza, da qual Moses extrai fotografias que podem ser consideradas antíteses da vida normal dos convidados. Willy Brandt, na época o Chanceler da Alemanha, é retratado liberto de seus deveres habituais e rodeado de pequenas mudas de árvores. A idosa designer de bonecas Käthe Kruse é vista como uma eterna fada das florestas do folclore alemão. As demais séries expostas são “Máscaras”, em que artistas tiveram cinco minutos para improvisarem uma máscara que os diferenciasse da aparência usual e “Sociedade Alemã’ que registra aspectos da vida cotidiana em flagrantes únicos. Até maio a 15 de junho, das 12h30 às 18h30, no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões
(Av. João Gualberto, 530 fone 41-3219-8184).
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