No último sábado, trabalhei na pré-seleção dos artistas que estão concorrendo à “V Mostra de Artes UNIMED Ponta Grossa”, junto ao João Henrique do Amaral e João Covielo. Na verdade, este é um salão de nível nacional em seu quinto ano de realização, no que se deve parabenizar tanto a instituição que o promove – a UNIMED daquela cidade – quanto ao  empenho dos seus médicos-associados e presidentes da regional, principalmente no que diz respeito à visão econômico-empresarial dos resultados. Digo isso em termos da divulgação que provém de um empreendimento artístico-cultural como este, em que o nome da entidade é vinculado ao padrão-qualidade que somente as artes visuais têm o poder de demonstrar. Como já o diziam em 1990, os autores John Naisbith e Patricia Aburdene em seu livro “Megatrends 2000” da Amana-Key Editora.SP.1990.
  Voltando às questões intrínsecas às artes visuais, o que mais chamou a atenção dos componentes do júri foi uma certa equiparação nas linguagens artísticas mostradas nas propostas vindas dos mais diferentes lugares do Brasil. Algumas delas provenientes de cidades distantes que não possuem entidades que possam oferecer qualquer tipo de atuação em termos de artes visuais e outras de cidades como São Paulo e Belo Horizonte, que são referência em atividades culturais.
 Claro que o que mais contribui para que isso ocorra é a Internet ou Web (uébe, como alguns brasileiros gostam de dizer) e suas mil e uma ramificações que oferecem um panorama visual muito mais complexo do que possa parecer.
  Lembro-me do Fernando Velloso, nosso artista de vanguarda por excelência, explicando como era difícil simplesmente “ver” ou “encontrar” qualquer imagem referente às artes plásticas – que assim eram chamadas em 1950. Naquela época, as revistas não apresentavam ilustrações coloridas, o material que vinha do exterior era percentualmente muito mais dirigido às artes já estabelecidas, isto é, as que tinham se desenvolvido até o início do século 20, fato que pode ser entendido como até o período representado pela Art Nouveau. Isto, apesar de já decorridos 28 anos da Semana de 1922, que marcou o início da arte moderna no Brasil e sem esquecer que em 1951 foi realizada a primeira edição da Bienal Internacional de São Paulo, evento cujo principal mote era a atualização estético-artística do Brasil.
  As poucas imagens das ramificações da arte que estavam sendo elaboradas na década de 50 na Europa ou nos Estados Unidos da América – em outras palavras, aquelas que rompiam as antigas barreiras estéticas – e que vinham a aparecer nas revistas brasileiras eram impressas pelo método dos clichês. Aquele modo de impressão que utilizava pontos definidos numa superfície de chumbo: do mais cheio ao com menor intensidade gráfica, ou o que se apresentava nulo ou um buraco, daí resultando o branco. Nas revistas como “O Cruzeiro” e a “Manchete” esta última com melhor reprodução gráfica, as ilustrações em cores estavam começando a aparecer. Mas eram geralmente a capa e contracapa a cores, a elas se acrescentando alguns poucos assuntos quem eram os destaques da edição. O restante da publicação era em preto e branco ou, às vezes, em marrom bem escuro, tal como ocorria também em alguns suplementos de melhor qualidade de impressão inseridos nos jornais de domingo: o complemento “Singra” era um deles.
  Voltando ao nosso assunto, a criatividade humana está, a cada dia que passa, se multiplicando e revelando facetas antes inimagináveis graças à facilidade que a Internet propicia. A proposta de um artista do interior do Amazonas pode vir a ser comparada à produção artística de um outro residente no Rio de Janeiro.
  Ao mesmo tempo em que esta ligação ou relação pode ser creditada à facilidade da Web em termos de atualização de informação, as próprias linguagens também podem ser resultantes de uma sensibilidade equivalente em ambos os artistas fisicamente separados por milhares de quilômetros. Donde, aqui se pergunta: o que nasceu antes, o ovo ou a galinha?   
  Jackson Pollock disse: “…o que me interessa é que os pintores hoje não são mais obrigados a buscar um tema fora deles mesmos. A maior parte dos pintores modernos trabalha a partir de uma fonte diferente. Eles trabalham do interior…
O artista moderno, parece-me, trabalha e exprime um mundo interior, em outros termos: ele exprime a energia, o movimento e outras forças interiores… “. Entrevista a William Wright in “Jakson Pollock”. Centre Georges Pompidou/Musée National d’Art Moderne. Paris. 1982.
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