Um dos mais representativos artistas da arte geométrica foi Josef Albers, nascido em 1888 em Bottrop, na Alemanha, e falecido em 1976, em New Haven, Conecticut, Estados Unidos da América. Ele começou sua vida trabalhando oito anos como simples professor em sua cidade natal, mas não conseguiu ignorar o insistente chamado da arte. Passou então, a freqüentar a Academia Real de Artes de Berlim – de 1913 a 1915 – e depois a Escola de Artes e Ofícios de Essen, além de estudar pintura com Franz Von Stuck, na Academia de Munique.

  Porém, o fator mais influente em sua vida e ao qual seu nome vai se ligar permanentemente foi a famosa Bauhaus de Weimar, onde começou estudar em 1920. Logo a partir de 1922, ele iniciou suas atividades de professor, devido ao pedido de Walter Gropius. As suas aulas sobre os materiais, dadas aos estudantes do primeiro semestre, constituíam a parte mais importante do curso preliminar, o que o tornou coordenador em 1928. Dois anos depois, passou a ensinar desenho representativo aos alunos de semestres avançados, no mesmo período em que produziu montagens e obras em vidro, esboços para tipografia e utensílios em metal e vidro. Dos anos 40 em diante ele aprofundou as pesquisas no estudo das cores, ao mesmo tempo em que apresentava obras que exploravam os efeitos óticos deste estudo. E foram estes estudos que lhe garantiram reputação internacional como professor de arte.
  Em 1933, quando a escola foi fechada, ele emigrou para os Estados Unidos e começou a lecionar arte de vanguarda aos jovens artistas do Black Moutain College, em Chicago, função que exerceu até 1949. Lá, entre seus alunos, estavam Willém de Kooning, Robert Rauschenberg e Robert Motherwell. A habilidade que Albers possuía em combinar conceitos teóricos e a prática artística veio a exercer uma grande influência na arte norte-americana. Devido às suas obras geométricas trabalhadas em cores, ele passou a inspirar um bom número de seguidores do movimento denominado “Optical Art” ou “Op Art” que teve seu auge nas décadas de 60 e 70. A “Op Art” contrapunha-se, num certo sentido, à “Pop Art” americana, e sob outro aspecto, ambas viriam a se constituir nas duas grandes correntes de arte norte-americana que continuam influenciando até hoje toda a produção contemporânea mundial.
  Estas linguagens constituem também as raízes da tecno-arte da atualidade, ora contrapondo, ora combinando as duas tendências que dominam as manifestações artísticas que povoam os meios de comunicação e do design. Na verdade, os estudos pioneiros de Albers constituem uma fundamentação teórico-estética de uma grande parte do design atual.

  Voltando à sua biografia, de 1950 a 59, ele foi diretor do Departamento de Design da Yale University, em New Haven, seguindo-se inúmeros cargos como professor convidado em universidades americanas e européias, inclusive voltando à Alemanha para lecionar no Instituto Superior de Forma na cidade de Ulm. A série “Homage to the Square”, na qual trabalhou a partir de 1950, representa o ponto culminante da sua trajetória artística. Fazendo uso desta simples forma, um elemento básico do construtivismo, Albers pintou uma série de óleos e executou gravuras em offset, além de serigrafias que exploravam ao máximo a superposição de poucos quadrados de várias cores, criando profundidade e sutilezas através das tonalidades da cor.
  A vida na América também propiciou a Josef e sua esposa Anni (1889-1994), a oportunidade de viajar não só pelo norte do continente, mas pela América Latina. Assim, eles conheceram diversos países como o México, Cuba, Peru, Chile, onde começaram a comprar e colecionar objetos e peças de arte popular. O olhar do casal acostumado a discernir formas e materiais no âmbito da arte passou a explorar as mil e uma variedades destas novas vertentes que se lhes apresentavam.

  Agora, mais de 300 itens, entre objetos, jóias, têxteis, colecionados entre 1934 e 1977, e pertencentes à coleção pessoal dos Albers virão a Curitiba, para integrar a mostra “Viagem pela América Latina”, com curadoria de Brenda Danilowitz.    No Museu Oscar Niemeyer (R. Mal Hermes, 999 fone 41-3350-4400), a partir de 29 de maio.

  Prossegue no SESC da Esquina, sempre às 19h, o “Ciclo de Conferências e Debates 2008”, em continuidade ao programa de educação permanente em filosofia das artes, o único na cidade dirigido ao público em geral. Amanhã, dia 20, estará apresentando Cauê Alves em “Sobre o temporal e o atemporal na arte: Hélio Oiticica e os anos de 1960 e 70”. Ingressos à venda no local.