Está aberta até 24 de junho, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, a exposição individual de Jack de Castro Holmer intitulada “Compilação 0.7”. O artista multimídia apresenta sua obra dividida em duas séries, uma bidimensional e a outra desenvolvida nas três dimensões que fogem das linguagens mais tradicionais da arte. (R. Des. Westphalen, 16 fone: 41 3222-5172). Nascido em Curitiba, em 1982, já no ensino médio cursou Publicidade e Propaganda; fez Licenciatura em Desenho e, em 2005, iniciou a Especialização em História da Arte do Século 20, ambos na EMBAP. Hoje cursa o Mestrado em Comunicação e Linguagens na Universidade Tuiuti do Paraná, trabalhando na linha de pesquisa de CiberMedia, com o projeto: “Da Realidade Virtual Para a Realidade Concreta – As relações artísticas da passagem do software inteligente para a realidade concreta”.
Sua orientadora Diana Domingues, artista precursora de arte digital no Brasil, bem demonstra a especificidade das linguagens artísticas com as quais Jack trabalha, além de exercer a função de Coordenador de Projeto Gráfico no Museu Oscar Niemeyer.
Ele também participou do Faxinal das Artes, em 2002; recebeu dois anos depois, Menção Honrosa Internacional no XI Circuito Internacional de Arte Brasileira, Museu de Arte de Pampulha, Belo Horizonte MG, que itinerou por Londres, Madrid e Lisboa. e no ano passado obteve o Primeiro Prêmio no 7 º Salão Graciosa de Artes Plásticas, em Curitiba, com um trabalho em que sua arte podia ser manipulada pelo público através de computação gráfica.
Neste mesmo setor, participou do Graphite 2005, 3rd International Conference on Computer Graphics and Interactive Techniques, University of Otago, na Nova Zelândia e do VII Salon Internacional de Arte Digital, em Cuba. Agora, ele apresenta obras bidimensionais elaboradas por meio de fotografia digital, em estudo de seu próprio corpo, em adesão a uma das mais importantes tendências da arte de hoje.
Nas palavras de Kátia Canton: “As implicações de um interesse da arte contemporânea pelas questões do corpo são complexas. Por um lado, ligam-se ao contexto de mudança de século, à globalização, ao anonimato gerado pelo sistema corporativista e pelos meios de comunicação virtual. Doenças virais como a AIDS, o Ebola, e outras epidemias novas e reincidentes ameaçam a ciência, como um culto obsessivo e crescente ao corpo expande limites imagináveis, graças a transformações e experimentos físicos, químicos e genéticos, gerando fisicalidades radicais. Emerge, desse denso panorama sociohistórico, um corpo que não mais representa e muitas vezes orquestra um jogo multifacetado de conteúdos. Manipula materialidades e emoções e pode escapar de suas conexões mais imediatas com a realidade, assumindo contornos rarefeitos, etéreos, artificiais e, muitas vezes, irônicos.” “Os sentidos da arte contemporânea” in “Sentidos e Arte Contemporânea Seminários Internacionais Museu Vale do Rio Doce 2007”. Vila Velha ES. R.R. Donnelley Moore. Nos seus trabalhos, Jack explora topograficamente o corpo humano, o que resulta numa colagem sensual das diferentes partes que se prolongam em superfície. Este processo gera um grande estranhamento, não somente pelo seu aspecto plástico quanto pelo senso estético do observador confrontado com algo reconhecível, que, entretanto, ele não pode precisar. “A pele historiada traz e mostra a própria história; ou visível: desgastes, cicatrizes de feridas, placas endurecidas pelo trabalho, rugas e sulcos de velhas esperanças, manchas, espinhas, eczemas, psoríases, desejos, aí se imprime a memória; por que procurá-la em outro lugar; ou invisível: traços invisíveis de carícias, lembranças de seda, de lã, veludos, pelúcias, grãos de rocha, cascas rugosas, superfícies ásperas, cristais de gelo, chamas, timidez do tato sutil, audácias do contato pugnaz. A um desenho colorido ou abstrato, corresponderia uma tatuagem fiel e sincera, onde se exprimiria o sensível. A pele vira porta-bandeira, quando porta impressões” Serres, Michel. “Os cinco sentidos”. RJ. Bertrand Brasil, 2001. Outra série presente na mostra é das miniaturas de animatronics, pequenos robots que se movimentam ao toque de botões e que fazem a delícia do público que não se cansa de ativá-los.
Veja também as obras de Jack nos sites: https://www.artedigital7.cubasi.cu/salon/autor.asp?id=219 e https://www.investarte.com/site/scripts/artistas/cvs/holmer.asp