Goto, de acordo com sua própria definição, é um artista multipadronagem com trabalhos desenvolvidos em circuitos, trabalhando com intervenção urbana, instalação, fotografia, vídeo, escultura, desenho e pintura, como as duas obras de sua autoria que pertencem ao Acervo da Fundação Cultural de Curitiba.
  Ele também é coordenador de ações culturais da “epa! – expansão o pública do artista”, organismo com o qual realiza pesquisas, publica textos, organiza eventos artísticos e projetos junto a comunidades, orientado por uma idéia de arte e cultura como ação crítica e patrimônio público.
  Entre as ações da “epa!” estão os projetos “Uôrk-Xók” em 2001, e no ano seguinte “Carasgráficos” e a mostra “Vide o Vídeo”, além dos circuitos em vídeo (2005-2007).   
  Por mais de 14 anos, ele vem propondo e participando de ações e exposições artísticas no Brasil, tanto individuais quanto coletivas, entre as quais se destacam “introPOP-OVERdozen” e “Ocupação”.
  Newton Rocha Filho, o Goto, possui Bacharelato em Pintura, concluído em 1993; é Especialista em História da Arte no Século 20, desde 2000; e mestre em Linguagens Visuais, em cursos realizados na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, tendo efetuado o mestrado como bolsista da CAPES.
  Hoje em dia, participa do coletivo de artistas “e/ou”, em Curitiba; e organiza e circula pelo Brasil com a mostra “circuitos em vídeos” que reúne mais de 37 circuitos artísticos autogeridos por artistas brasileiros, além de ser integrante da Câmara Setorial de Artes Visuais.
  E agora, está mostrando os resultados do seu mais recente projeto – o “Desligare” – no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, como parte da exposição “Bolsa Produção para Artes Visuais” da Fundação Cultural de Curitiba. (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 fone 41 3321-3269).
  Aliás, aqui vão os parabéns ao Diretor de Ação Cultural da FCC José Roberto Lança que conseguiu levar a cabo um dos mais importantes projetos de incentivo às artes visuais em Curitiba, acrescentando o nome do Presidente Paolino Viapiana e demais diretores da instituição. Esta era uma reivindicação de anos, inclusive desta colunista quando trabalhava em setores mais relacionados à programação das exposições e desejava executar projetos do gênero, aos quais sempre faltavam verbas.  
  Voltando ao Goto, Marcos Hill comenta o projeto que solicitava ao agente da ação desligar a televisão: “Ser filmado desligando a TV na hora do programa mais detestado foi a proposta levada às ruas de Curitiba por ‘Desligare’. A questão da abordagem de um público indistinto exigiu estratégia que começou com a escolha do local onde a ação propositiva iniciaria. Onde, na cartografia urbana? Na ‘Boca Maldita’ é claro, local marcado historicamente pela expressão de descontentamentos públicos, bem no centro de Curitiba. Em uma semana, sessenta pessoas foram agendadas. (…) Contextualizando o fato da imagem sumindo no visor de uma televisão, no momento de seu desligamento, possibilitou ao artista inúmeras constatações como, por exemplo, a de que uma vez desligada a TV, seu visor transforma-se em espelho, permitindo, através do reflexo da passividade, a conscientização dos telespectadores sobre suas próprias realidades.”
  Assim, Marcos cita um homem que solicitado a desligar a TV ficou com medo de ser punido com algum processo, numa recriação do Big Brother original, de George Orwell. Este escritor inglês, nascido na Índia em 1903, escreveu um dos mais famosos livros de ficção política do século 20. Intitulado “1984”, descrevia um mundo onde as pessoas eram peões manipulados por uma máquina estatal – o Big Brother, ou o Grande Irmão – uma espécie de televisão estatal onipresente e funcionando em mão-dupla: dirigindo a política e a consciência das pessoas através das mensagens enviadas e captando tudo o que acontecia nos lares, à procura de dissidentes que seriam punidos com rigor.  Outros participantes do projeto não sabiam o que fazer depois de desligada a TV. Ocorria ali, uma situação atemporal, uma espécie de “gap” de tempo e de reação humana ao simples ato do desligar uma quase, mais uma vez, “onipresente” TV funcionando.
  Outra situação se revelou quando os agendados – provenientes de todas as camadas sociais – não concordaram em ter suas casas filmadas numa surpreendente e uníssona opinião a respeito do direito privado. Este projeto não pára aqui;  ele é o fator gerador do qual podem advir uma série de constatações que valem a visita à exposição.
  O vídeo ‘Desligare’ tem a direção de Goto, a consultoria técnica de Ricardo E. Machado e a câmera e edição conjunta. Contato com o artista: [email protected]