A exposição “Natureza em foco”, apresentada no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba, além de mostrar uma seleção de excelentes fotografias, possibilita uma reflexão sobre a natureza, desde o seu apogeu até as ameaças representadas pela poluição, desmatamento e mudança do clima. Os fotógrafos são: Claus Meyer, Manuel da Costa, Delfim Martins e Daniel Augusto Júnior. Dentre eles, Claus Meyer é quem apresenta os aspectos mais coloridos da natureza brasileira.
Nascido em Neuss, Alemanha, em 1944, Claus Meyer começou em 1965, como laboratorista da agência “Black Star”, situada em Nova York. Quatro anos depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro, trabalhando na revista “Manchete” até 1972, ano em que fundou a “Agência Câmara Três”, nela permanecendo até 1991. Neste entremeio, fundou, em 1989, a “Agência Tyba”, junto ao fotógrafo Rogério Reis, que explica: — “Esta última era uma fusão da “Agência F4 Rio” com a “Câmara Três”. Isso aconteceu quando Ricardo Azoury e eu conhecemos o Claus Meyer, nosso grande mestre, que continuou exercendo seus ofícios até sua morte, ocorrida em 1996.”
Um dos mais competentes e criativos fotógrafos de natureza – trabalhava para a “National Geographic Magazine” entre outras revistas – Claus influenciou dezenas de jovens fotógrafos brasileiros. Em Curitiba, foi homenageado postumamente com Sala Especial na “2a Bienal Internacional de Fotografia Cidade de Curitiba”, em 98.
Segundo Arlindo Machado, não há inocência na fotografia, pois ela é resultado da ideologia e nela residem subtextos afetos à sua própria linguagem, porém “o ato fotográfico é instantâneo – a foto sai quase sem pensar – mas sempre amparado pelo substrato analítico do fotógrafo, que comanda o olho no ínfimo segundo de reconhecimento do assunto e o imediato disparo do obturador, num processo do qual também a intuição faz parte”. (“A Ilusão Espetacular – introdução à fotografia”. Editora Brasiliense S.A. SP. 1984).
A intenção de Claus Meyer nunca foi chegar a extremos da linguagem fotográfica, a não ser na busca do belo. Por isso mesmo, ele fazia uso do enquadramento frontal – o mais neutro possível. Propositadamente colocado de forma a anular a perspectiva, é o modo que se usa para construir imagens icônicas nas quais toda atenção se dirige aos elementos em cena. Suas fotografias são excepcionalmente atraentes, mesmerizando o olhar com imagens límpidas de animais na plenitude de uma selva perfeita, e a natureza como deveria ter sido na idéia idílica do paraíso.
Para alcançar este objetivo, uma constante em suas fotos – aparentemente definidas como instantâneos da vida animal e vegetal – é a busca efetuada pelo fotógrafo do momento propício para acionar o obturador, pois delas se conhecem outras versões tomadas em tempos bem próximos. Suas imagens, portanto, não são instantâneos, são recortes do instantâneo caracterizando os momentos felizes encontrados no filme.
Sob outro aspecto, Claus não tinha como arrumar a cena na mata, portanto, este era seu método de trabalho. E também não era o acaso que configurava suas fotos – era o olho do fotógrafo que as retirava da natureza. Ele sabia de onde iriam sair imagens notáveis, então procurava captar todas as possíveis situações antevendo o resultado. Outras vezes, tal como na foto dos olhos da águia, ele empregava um recurso comparável ao expressionismo em artes plásticas: a ênfase por meio do “close up” – com o recorte sendo feito em laboratório –, além de fotografar, em menor número, motivos dispostos em arranjos, como na imagem das orquídeas cor de rosa e o uso de fundo infinito nas fotos das duas corujas.
Aberta até fevereiro de 2008, no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (R. Carlos Cavalcanti, 533 fone 41-321-3334).