Estátuas famosas

Nilza Procopiak


Outro dia, ao assistir um documentário sobre o Rio de Janeiro, mais uma vez me dei conta de quão característico da paisagem daquela cidade é, sem dúvida, o Cristo Redentor. Como muitos dizem, ele é o cartão postal carioca situado no morro do Corcovado, parte do maciço da Serra do Mar.


Fazendo um contraponto com a vista horizontal das praias cada vez mais abertas, à medida que a cidade vai crescendo em direção a refúgios mais longínquos, a estátua gigantesca ostenta o direito de ser sinônimo do Rio de Janeiro. Para isso, contribuiu a enorme votação como símbolo da cidade num recente concurso da Internet, que movimentou o mundo inteiro na escolha dos ícones mais significativos de locais famosos.


Entretanto, mesmo no filme que pretendia contar fatos curiosos sobre a cidade, ficou evidente a falta de informação sobre a escultura que todos conhecemos em seu aspecto icônico, ou seja, de imagem.


Obra do artista plástico francês Paul Landowski (1875-1961), ela foi encomendada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro que, na época, apelou para todo tipo de contribuições, fossem elas da indústria, do comércio, ou da população em geral.


Considerada patrimônio da cidade, a estátua tem 31 m. de altura, erigida em pedestal de 7m. no topo do morro que, por sua vez, tem 700m da altura e foi executada em linhas claramente art-déco, traduzidas como arte decorativa, em voga naqueles anos. São notáveis desta época e neste estilo, para citar somente alguns exemplos comparativos, os edifícios do Rockfeller Center e Chrysler, em Nova York.


O artista e gravador Carlos Oswald (1882-1971) – na verdade, um dos grandes mestres pioneiros da gravura brasileira, responsável pela difusão desta modalidade de arte no Brasil – foi quem elaborou o esboço do Cristo Redentor, segundo informação do jornal “Folha de São Paulo”, de 19 de setembro de 2004. Também participou da realização da escultura o engenheiro Heitor Silva Costa.


Outro fato que poucos conhecem – alguns pela falta de memória do nosso patrimônio cultural e outros simplesmente porque nasceram muito tempo depois e o que não é comentado ou informado se perde – é a maneira como foi iluminada pela primeira vez a escultura.


Foi o inventor Guilherme Marconi quem, através da transmissão de onda curta de rádio, mandou um sinal da Itália – sim, da Europa – para acender as luzes instaladas ao pé do Cristo Redentor, em sua inauguração em 1931.


A estátua da Liberdade, cujo nome completo é “Liberdade Iluminando o Mundo”, é mais uma das esculturas famosas intimamente ligadas à sua localização. Na entrada do Porto de Nova York, doada aos Estados Unidos da América pelo povo francês, ela foi criada pelo escultor francês Frédéric Bartholdi, que recomendou a pequena ilha de Bedloe para sua instalação, com a finalidade de sinalizar as boas vindas aos emigrantes que, durante o século passado, chegavam à América. Mais tarde, em 1956 a ilha passou a se chamar Ilha Liberdade.


A estátua é feita com 300 folhas de cobre instaladas sobre uma estrutura de ferro e aço desenhada por Alexandre Gustave Eiffel, aquele mesmo da Torre Eiffel, em Paris e tem um pedestal de granito e concreto que foi custeado pelo povo americano. Comemorativa ao primeiro Centenário da Declaração da Independência dos EUA, em 14 de julho de 1876, ela se situa no tempo cerca de 50 anos antes do Cristo do Corcovado. Mesmo assim, ela detém aspectos estético-artísticos relativos à modernidade – principalmente na cabeça e na coroa – que vêm resistindo à passagem do tempo, apesar das linhas sinuosas do panejamento grego que a aproximam do classicismo. Interessante é que estas partes mais modernas em estética se apresentam em linguagem que tem também influência art-déco.


A altura total do monumento é de 100,65m., sendo 20m. de pedestal; dos pés da estátua à plataforma, junto à tocha segura pela mão direita, são 85m. de altura.


Infelizmente, hoje em dia são poucas as estátuas que atingem não somente as grandes dimensões destas duas, quanto alimentam os laços humanos em homenagem espontânea, tal qual fizeram estas populações. E sobre o monumental, agora é representado pela arquitetura de construção em obras gigantescas, sejam pontes, viadutos, estádios, arranha céus.