Parabéns às artistas Claudia de Lara, Marilene Zanchet e Sandra Hiromoto pela exposição que aconteceu na Galeria Romero Britto, na Rua Oscar Freire, um dos endereços mais fantásticos em São Paulo.
Realizada pelo Solar do Rosário e Galeria Romero Britto em parceria com o CACEV – Centro de Arte Contemporânea Edilson Viriato, a mostra que leva o nome das três artistas, representa um grande passo na divulgação do trabalho sério de jovens artistas do Paraná.
O que não é fácil, principalmente quando está em jogo a “exportação” de linguagens visuais paranaenses. Lembro de uma série de situações envolvendo intercâmbios de exposições de arte entre Curitiba e outras cidades brasileiras. Em se tratando da vinda dos artistas e das obras tudo funcionava muito bem porque estávamos pagando embalagens, transporte, passagens, estadia, alimentação, custos da montagem e desmontagem, além da publicação do material impresso.
Em compensação – quer dizer, não havia compensação – porque quando chegava a contrapartida, postergada várias vezes por eventos imperativos, que surgiam do nada exatamente no período da exposição paranaense, mais imprevistos aconteciam. Era cortada a verba, o transporte ficava mais caro, o folder não podia ser impresso, os painéis eram insuficientes… Resumindo, a exposição paranaense só acontecia depois do pagamento de todas as despesas – equivalentes às da vinda da exposição da outra cidade. Quer dizer, pagávamos duas vezes, não havendo nenhum intercâmbio.
Por outro lado, quero deixar bem claro que este tipo de situação ocorria somente entre instituições brasileiras. As instituições culturais de outros países representadas em nossa cidade sempre foram – e continuam sendo – absolutamente corretas quanto às condições pré-estabelecidas envolvendo exposições de arte. O custo da contrapartida para a vinda de obras de um artista do quilate de Joseph Beuys, por exemplo, quando há, é irrisório, na maioria das vezes se limitando ao uso do espaço – o que é óbvio – e a divulgação que é trabalho inerente a qualquer evento.
Então, está mais do que na hora do reconhecimento dos artistas locais por parte de entidades artísticas brasileiras e esta exposição é uma prova disso.
Claudia de Lara, além de apresentar várias pinturas da “Série Slow-motion”, expôs na Galeria Romero Britto sua mais recente obra intitulada “Bicicleta”. Nesta pintura as cores brilhantes e os inesperados contrastes, ora salientam, ora dissimulam as formas dos aros, dos raios, do guidão, dos seus componentes. Na verdade, a artista usa o objeto como simples motivo para desenvolver sua intensa e poderosa pintura, resultado catártico de quem gosta de pintar.
Já, as porções carregadas de tinta acrílica com as quais Marilene Zanchet constrói suas figuras sem rosto e reduzidas a “alguém que não se distingue na multidão” têm tudo a ver com o anonimato no nosso dia a dia. A ausência de fundo pelo emprego do branco vem enfatizar a solidão e a uniformidade das pessoas transformadas quase em autômatos vestidos iguais. Há pouca distinção entre o homem e a mulher que simplesmente passam pela vida sem viver realmente.
Sandra Hiromoto apresenta situação similar na série paradoxalmente denominada “Diálogos”. Sobre fundo abstrato pintado com emoção, se sucederiam relações imaginárias entre objetos do cotidiano, tais com cadeiras, chaves, letras soltas. Com parte da obra executada em estêncil, estes objetos aparentemente falariam entre eles através de balões das histórias em quadrinhos. Porém como eles não falam os balões permanecem vazios em suas cores individuadas.
O dinâmico empreendedor da 5ª Bienal VentoSul, Luiz Ernesto Meyer Pereira traz a Curitiba mais um destaque do mundo das artes. Agora, o famoso artista multimídia Gary Hill fará uma palestra no Museu Oscar Niemeyer, dia 22 de julho. O evento faz parte da mostra bienal internacional de artes visuais, que acontece em Curitiba de agosto a outubro deste ano. Reservas podem ser feitas pelo e-mail do Instituto Paranaense de Arte: [email protected]