João Turin, decano da arte paranaense, é um dos poucos artistas que conseguiram manter seu nome e obra acessíveis aos interessados. Vários de nossos grandes mestres foram reconhecidos em vida, homenageados logo depois do falecimento, quando tiveram seus nomes ligados aos locais que supostamente deveriam mostrar sua herança artística e logo depois relegados ao esquecimento. Isto ocorreu devido, principalmente, ao canibalismo dos edifícios e salas a eles destinados, que acabaram sendo usados para outros fins, desvirtuando totalmente os objetivos originais.
 Grande parte da presença de Turin – não entre a classe artística, na qual tem lugar garantido – mas no âmbito da informação e do conhecimento para o público, se deve à batalhadora Elizabeth Turin. Após a morte do artista, além das pinturas, seu grande acervo de esculturas e modelagens foi ameaçado de dispersão, pois seu atelier de estilo Paranista foi demolido e transformado em quadra de tênis. Com a finalidade de abrigar o legado deixado por ele, foi o empenho mais o trabalho de Elizabeth que garantiram o local para a instalação do que é hoje a Casa João Turin. Criada por lei estadual, a Casa abriga uma exposição permanente das obras do escultor; promove mostras temporárias de obras de diferentes artistas que pertencem ao seu acervo e também de artistas proponentes de exposições.
 Ao mesmo tempo, a Casa, em cuja direção está de volta a dinâmica Elizabeth, é sede da Mostra João Turin, que nasceu mostra de escultura e nas edições mais recentes é denominada “Mostra João Turin de Arte Tridimensional”, de caráter internacional, à qual concorrem os mais destacados nomes do cenário brasileiro e do Mercosul.
  Aliás, infelizmente não tivemos a Mostra em 2007, talvez pela coincidência da sua realização no mesmo ano em que o Salão Paranaense, que passou a Bienal. Aqui vai a sugestão de intercalar no ano par –  já que falhou no ano passado – a Mostra, e no ano ímpar o Salão. Teríamos assim, anualmente, um evento de maior porte capitaneando a arte apresentada em Curitiba, somando-se às oportunidades oferecidas aos artistas paranaenses.
  No corrente ano, mais precisamente, em 21 de setembro comemora-se os 130 anos do nascimento de João Turin, nascido em 1878; e em 2009, os 20 anos da instalação da Casa João Turin.
  Abrindo o calendário de 2008, uma exposição com sensível curadoria de Elizabeth Turin apresenta trabalhos de 17 artistas, entre obras de diferentes artistas provenientes de doações que passaram pelo Conselho de Seleção e agora pertencem ao acervo da Casa João Turin, acrescidas de obras premiadas nas edições da Mostra. Os artistas são: Carlos Henrique Tulio, com escultura de 1992, elaborada em dormente de madeira e Catherine Kafinis, de São Paulo, com “Trajetória I”, 1997, executada em granito e metal; ambos com obras do acervo. O escultor Demétrio Albuquerque, premiado na “1ª Mostra de Escultura João Turin”, com as obras “Prometeu” e “Andaluz”. Elisabeth Titton, com instigante escultura em bronze intitulada “Cheia de si”, de 1995 que foi premiada na “3ª Mostra de Escultura João Turin”. Elvo Benito Damo, cujo trabalho em metal, ilustra esta coluna.
Espedito Rocha, com seus maravilhosos rendilhados em madeira; Lirdi Jorge apresenta uma escultura em bronze intitulada “Paraná, pinheiros e pinhões”, de 1993; Marcelo Francalacci, com o trabalho “Sigma”, adaptação de formas naturais de madeira elaborada em 1991 e apresentada na “1ª Mostra”. Marcelo Pires da Costa, com escultura em pedra e metal denominada “Brucutu”, obra da “3ª Mostra”; Marcelo Silveira que recebeu prêmio na “5ª Mostra” trabalhando sobre materiais dos engenhos e queimadas; Valdir Francisco ,apresenta “Casulares Totêmicos”, de 1993 e “Pequenos mistérios velados em preto e vermelho”, de 1997, com casulos e meias de seda em caixas de madeira;
 Sérgio Monteiro de Almeida, com tridimensionais geométricos em metal oxidado, parafina e papelão corrugado. Tita Stremlow, com obra figurativa em madeira.  
 Diz Elizabeth: “A curadoria foi realizada dentro das possibilidades que o espaço permite”. Mesmo diante das limitações de espaço, a exposição se desenvolve de um modo fluído que é sintetizado pela curadoria na sala das cerâmicas. Ali, Carlos Arantes do Nascimento, conjunto de obras; Maria Helena Saparolli,  Prêmio na “4ª Mostra”, Erli Fantini, “2ª Mostra”, e Ligia Borba “4ª Mostra” se complementam em suas linguagens artísticas.  
 (Rua Mateus Leme, 38. De segunda a sexta, das 9h às 18h. Sábados e domingos, das 10h às 16h. fone: 41-3223-1182)  [email protected] e www.pr.gov.br/turin