Dos visitantes do Parque São Lourenço, poucos se dão conta de um trabalho ímpar que ali é realizado. No Atelier Livre de Escultura do Centro de Criatividade de Curitiba é executada a técnica de fundição de bronze pelo método de cera perdida. Aliás, é o único local no Brasil onde, além de ser executado este tipo de fundição, ele é ensinado aos orientandos. Na verdade, ali não se trabalha só com o método da cera perdida, como o escultor e orientador do atelier Elvo Benito Damo informa: “Este é um atelier de formação de escultores em funcionamento permanente e, como tal, oferece uma gama variada de técnicas que envolvem desde a escultura em pedra, em madeira, resina, incluindo até o metal que pode ser trabalhado por corte, dobra e também pela fundição – caso do processo de cera perdida”. Elvo é formado pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná em pintura e possui licenciatura em desenho. Tendo trabalhado com xilogravura, que possui conexões com a escultura em madeira – ele desenvolveu sua técnica tridimensional estagiando no atelier do escultor Francisco Stockinger, em Porto Alegre RS. Apresentando um longo currículo em participações e premiações em inúmeros salões oficiais importantes, Elvo foi representante brasileiro no V Salão Internacional da Pequena Escultura em Budapeste, Hungria, no qual recebeu diploma de honra pelo conjunto de obras. Também representou o Brasil com Escultura Contemporânea na 2ª Bienal Internacional de Óbidos, em Portugal. Perguntado sobre o processo de fundição em metal, ele explica: “Muito trabalho em cera perdida em escala industrial é executado atualmente no mundo, envolvendo cerca de 90% da fabricação de peças de automóveis. Porém, a fundição de autopeças, pelo seu caráter avançado de tecnologia, depende de métodos sofisticados de produção requerendo fornos de alta temperatura que atingem 1.200 graus centígrados. Além de equipamentos mais recentes e caros, a maior diferença entre o método industrial e o artesanal utilizado em nosso atelier é a casca cerâmica utilizada na indústria. Aqui é utilizada uma massa refratária que serve como isolante para o objeto a ser fundido, uma vez que não é necessário suportar temperaturas tão intensas”. Sobre o processo, o escultor ensina que uma peça maciça a ser fundida é primeiramente executada em argila, da qual é tirado um molde negativo para executar a peça em cera. Daí, a cera é isolada com a massa refratária e o bronze escorre para dentro do molde através de vários tubinhos – também de cera e já instalados com esta finalidade. O metal quente acaba por derreter e ocupar o lugar da cera. O interessante é que ao ser retirada a massa refratária, a peça fundida se mostra com uma espécie de armação composta pelos caninhos – agora preenchidos com metal – que são resultantes dos canais utilizados para a sua fundição e que devem ser cortados e aparados para a peça apresentar seu aspecto final. Em 2006, o artista publicou o livro “Fundição Artística – escultura em bronze pelo processo de cera perdida”, pela Editora Artes & Textos de Curitiba, no qual reuniu e divulga seus valiosos conhecimentos na questão. O escultor também esclarece que no Brasil muitas peças são fabricadas no modo de cera perdida exatamente como o aplicado aqui no atelier pertencente à Fundação Cultural de Curitiba. São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, para citar algumas cidades, têm fundições que operam em ritmo industrial, fabricando objetos metálicos nos quais se emprega métodos semelhantes ao usado no atelier. Porém, como a finalidade é o mercado, elas não ensinam nem o processo e nem a técnica propriamente dita, algo que o atelier oferece aos artistas interessados no seu aprendizado.
Como Elvo escreve em seu livro: “por ser um processo extremamente artesanal e de baixa produção, as grandes metalúrgicas se abstém de contribuir para os aperfeiçoamentos técnicos. Atualmente, o processo industrial destinado a reproduzir grandes quantidades de peças iguais com o modelo perdido em cera, tem seu custo elevado, devido aos materiais e equipamentos complexos… ocorrendo exatamente o contrário aos escultores que fazem artesanalmente peças únicas e maiores em peso ou volume”.
Portanto, o Atelier Livre de Escultura representa uma oportunidade incomparável para artistas que gostem do fazer artístico e que desejem trilhar este caminho da tridimensionalidade. Informações: www.netpar.com.br/elvo ou email elvo@netpar.com.br