Formado por cinco dos mais representativos artistas da década de 60: Alberto Massuda, Álvaro Borges, Érico da Silva, René Bittencourt e Waldemar Roza, o GUM retorna ao cenário das artes paranaenses, através de programação especial. Desejo ressaltar aqui as individualidades dos seus componentes como já foi feito com Álvaro Borges na coluna passada. Começando por Alberto Massuda que nasceu em 1925, no Cairo, Egito, e veio para o Paraná em 1958. Naturalizado brasileiro foi reconhecido como cidadão honorário de Curitiba, tendo aqui falecido em 2000.
Tendo cursado Belas Artes e participado ativamente do “Groupe de l’Art Contemporain” no Egito, inclusive recebendo Medalha de Bronze da Bienal de Alexandria em 1955, Massuda possuía um olhar moderno e atilado, proveniente também da experiência adquirida no Curso de Cenografia de Cinema na Itália.  Este mesmo olhar viria a representar uma das mais destacadas características em sua obra plástica que era realizada com poucos traços no desenho e certa rapidez de execução na pintura, muitas vezes resultante de camadas de tintas sobrepostas com gestual ligeiro. Massuda liderou vários movimentos de renovação de arte e também foi considerado o precursor do Jovem Surrealismo Paranaense. O curitibano Waldemar Roza, nascido em 1916 e falecido em 1989, “foi um dos primeiros artistas brasileiros a pesquisa a potencialidade criativa de elementos ecológicos”, segundo Adalice Araújo.  Aluno de Lange de Morretes, Roza fez curso de gravura no Atelier de Gravura da Fundação Álvarez Penteado, em São Paulo. Também participou de duas bienais na década de 60, expôs nos Estados Unidos da América e proferiu palestras sobre suas próprias técnicas de colagem e pintura em diversos países.

Lembro-me de ter ido junto com Fernando Bini várias vezes visitar o artista trabalhando no espaço do andar inferior da Biblioteca Pública. Naquele local eram realizados os salões oficiais do Estado do Paraná, antes do Museu de Arte Contemporânea do Paraná/MAC-PR ser efetivado na Praça Zacarias. Ali, ele reunia uma série de conchas, aves ressecadas, pedras, pedaços de madeira, papéis e tintas e compunha obras verdadeiramente inéditas para a época. Roza foi premiado em três edições do Salão Paranaense, de 1960 a 1973, demonstrando o reconhecimento da crítica pela sua obra pioneira.

Érico da Silva, (1932- 2006), catarinense nascido em Indaial, foi registrado em Itajaí. A partir da adolescência trabalhou como ourives, cartazista, ilustrador, vitrinista, cenógrafo. Começou sua trajetória artística no Círculo de Artes Plásticas, em Curitiba, onde descobriu a arte de vanguarda. Lembro-me de Adalice Araújo fazendo referência à decoração abstrata que Érico fez para o Clube Curitibano, num dos Carnavais dos anos 50/60, como uma das mais importantes obras de arte realizadas no Brasil, quando o artista antecipou intuitivamente o conceito da instalação que apareceu por aqui um bom tempo depois. Ao longo dos anos em que manteve intensa atividade como pintor se tornou mais conhecido como figurativo, no entanto foi ele quem realizou a primeira exposição individual de um artista local exclusivamente composta por telas abstratas. O abandono do abstrato, em que se saía maravilhosamente bem, e o direcionamento para o figurativo foi escolha pessoal de Érico da Silva, advindo principalmente de sua necessidade de comunicação com o público. O curitibano René Bittencourt (1931- 2004) foi autodidata, dedicando-se à pintura e desenho, além de trabalhar como desenhista publicitário e ilustrador. Na década de 50 ingressou no Centro de Gravuras no Círculo de Artes Plásticas do PR e participou de movimentos de renovação. De 1959 a 61 organizou os salões de Arte Contemporânea da Tribuna do Paraná, e foi um dos idealizadores do MAC-PR, além da APAP-PR. René tem muitas obras em acervos de museus brasileiros e internacionais. Em sua linguagem artística há fusão da técnica pictórica moderna com o elemento humano, alvo especial de sua atenção.

No Espaço Alberto Massuda, às 20h de 03 de setembro, terá lugar uma Mesa redonda “Grupo Um – Os artistas do Grupo Um” com Fernando Bini, Xênia Rosa, Fernando Calderari, João Osório e esta colunista. (Rua Trajano Reis, 443 – Centro Histórico de Curitiba. Informações: 41- 3076-7202 e e-mail: [email protected].).