Uma exposição importante, “A Missão Artística Francesa – Coleção Museu Nacional de Belas Artes” merece ser visitada no Museu Oscar Niemeyer – MON. Dividida em três módulos, a exposição apresenta um conjunto de 76 obras, entre pinturas, esculturas, relevos, desenhos e gravuras. São paisagens, cenas urbanas, desenhos de arquitetura e composições que testemunham os eventos históricos e as personalidades do início do século 19. Os trabalhos representam o importante legado dos artistas integrantes da Missão Artística Francesa, que veio ao Brasil em 1816, a convite da corte portuguesa, após a transferência desta de Lisboa para o Rio de Janeiro.
Chefiados pelo intelectual Joachin Lebreton (1760-1819), dela faziam parte os pintores Jean Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), o gravador Charles Simon Pradier (1786-1848), os escultores Auguste Marie Taunay (1768-1824), os irmãos Marc (1788-1850) e Zepherin Ferrez (1797-1851) e o arquiteto Grandjean de Montigny (1776-1850). Este, responsável pelo que se chamava na época “risco”, ou planta, de praticamente todos os grandes edifícios que passaram a ser construídos a serviço da corte na cidade do Rio de Janeiro.
As obras expostas no MON pertencem ao Acervo do Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, exatamente o mesmo que herdou, por assim dizer, o conjunto de obras de arte trazidas por D. João VI, em 1808, ampliado alguns anos mais tarde com a coleção reunida por Lebreton, mais o grande acréscimo de peças que ocorreu ao longo do século 19 e início do século 20. Com a construção da nova sede da Escola Nacional de Belas Artes, em 1908, projeto do arquiteto Moralles de los Rios, o acervo passou a ocupar parte do novo prédio, sendo o Museu criado oficialmente em 13 de janeiro de 1937.
Este acervo conta atualmente com mais de 16.000 peças, entre obras de arte brasileiras e estrangeiras, além de reunir um segmento significativo de arte decorativa, mobiliário, glíptica, medalhística, arte popular e africana.
“Os integrantes da Missão Francesa foram os principais responsáveis pela difusão do neoclassicismo, que era a nova estética, na época. Antes deles, houve somente uma experiência neoclássica isolada, a do arquiteto italiano Giuseppe Antonio Landi, em Belém do Pará.”, afirma Pedro Xexéo, que assina a curadoria da exposição ao lado de Laura Abreu e Mariza Guimarães Dias. Xexéo, que também é um dos um dos autores do livro intitulado “A Missão Francesa”, destaca que, coube aos seus integrantes a responsabilidade pela formalização do ensino das artes no Brasil e a formação de inúmeras gerações de artistas brasileiros do século 19.
Debret (Paris, 18/04/1768 – 28/06/1848), pintor e francês, é o artista cuja pintura, sobre o desembarque de D. Leopoldina, ilustra esta coluna. Ele lecionou na Academia de Artes e Ofícios, mais tarde, Academia Imperial de Belas Artes, posteriormente transformada na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Curioso saber que as cores e formas da bandeira republicana, adotada em 19 de novembro de 1889, foi baseada em uma de suas obras.
Debret voltou à França, em 1831 e publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, coletânea documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileiros e um das obras que considero fundamentais para o entendimento das raízes do nosso país. Entre outras edições, foi publicado em dois volumes pelo Círculo do Livro S.A., em 1982.
Um dos núcleos da exposição visa mostrar as pessoas, como D.João VI e o Conde da Barca, que tornaram possível a vinda dos artistas da Missão para o Brasil. O segundo reúne trabalhos destes mesmos artistas e o último reúne obras da primeira geração de artistas da Academia Imperial de Belas Artes, entre os quais Manuel de Araújo Porto Alegre (1806-79), August Muller (1815-83), Francisco Manuel Chaves Pinheiro (1822-84) e o arquiteto José Rodrigues Moreira (1828-98).
Até 29 de julho, no Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 Centro Cívico fone 41 3350-4400).
De 28 de junho a 02 de julho, tem lugar a “Mostra de Cinema Argentino”, no SESC da Esquina, com palestra, às 19h30m, seguida da exibição do filme comentado. R$1,00 e R$2,00 (R. Visc. do Rio Branco, 969 fone 41 3304 2222).