Organizada pela Fundação Pierre Verger e patrocinada pela empresa Price Waterhouse, a exposição “O Brasil de Pierre Verger”, na Casa Andrade Muricy, narra a trajetória do fotógrafo francês pelo Brasil, principalmente no Nordeste, desde que chegou à Baía de Todos os Santos, em 1946.
Suas fotos revelam aspectos das décadas de 40 e 50, através do clássico preto-e-branco, sendo marcantes pela diversidade cultural e contrastes sociais presentes naquele período que, ainda hoje, representam algumas das realidades brasileiras.
A exposição mostra o resultado de uma pesquisa que levou mais de seis anos para ser executada, realizada pela equipe responsável da Fundação Pierre Verger, tornando público um extenso acervo praticamente inédito.
Com curadoria de Alex Baradel, produção de Déa Márcia Federico e tendo Tanira Mônica Fontoura como assistente da produção, a mostra ocupa todo o espaço expositivo da Casa Andrade Muricy e representa uma continuidade do excelente trabalho ali desenvolvido, agora sob a competente direção de Lenora Pedroso.
As fotos selecionadas compõem um quadro que narra a história, a arte, a cultura e o cotidiano de um povo, um somatório de memórias que traz importantes registros históricos, desvelando os brasis do Brasil de hoje, extenso em suas terras e em sua diversidade cultural. A obra de Verger reflete um olhar ao mesmo tempo poético, sensível e realista.
Nascido em 04 de novembro de 1902, em Paris, filho de uma família economicamente estável, ele aprendeu a fotografar em 1932. Logo após a morte de sua mãe e fascinado por viagens, percorreu vários países entre 1932 a 1946, ano em que conheceu a Bahia e ficou fascinado pelo ambiente cultural que encontrou – oposto ao clima de pós-guerra que a Europa vivia.
Suas fotos provêm de sua capacidade de compartilhar, compreender e revelar, sempre com amor e respeito, a beleza do cotidiano das pessoas, e não apenas captando imagens e impondo um olhar estrangeiro em busca de registros. E são também retratos do presente ao tornarem possível olhar o passado e constatar que o progresso veio por caminhos que vezes sem conta não deixaram espaço para outras formas de viver, perceber o mundo, embora muitas delas ainda resistam transformadas.
Ao descobrir o candomblé, passou a pesquisar o culto dos orixás e sua dedicação fez com que ganhasse uma bolsa para conhecer os rituais na África, para onde foi em 1948. Ali, produziu 2 mil negativos e passou também a escrever sobre suas experiências e estudos. Segundo a produtora Déa: “O importante na obra de Verge é que ele fez transposições entre o que primeiramente encontrou no Brasil e o que constatou e fotografou depois na África, elaborando uma série de particularidades, similitudes e diferenças entre ambas as culturas de um lado e outro do Atlântico”.
Suas viagens se intensificaram com intercâmbios entre países africanos; esteve na Oceania, Europa, América Latina e voltou à Bahia, adotando Salvador como seu lar, nos anos 60.
Dez anos depois, parou de fotografar e preocupado com o estudo e conservação do material coletado, criou em 1988, a Fundação Pierre Verger, para a qual doou toda sua obra. Ele morreu em 1996 e pediu que seu trabalho tivesse prosseguimento. A instituição mantém 62 mil negativos fotográficos, gravações sonoras, filmes, documentos, correspondências, manuscritos e objetos relacionados ao artista.
Na mostra há também um filme que narra a trajetória do fotógrafo, com trilha sonora de Bira Reis, e as participações de Bule-Bule e Antúlio Madureira. No espaço interativo, o visitante pode acessar, pelos computadores, os documentários, gravações sonoras, documentos iconográficos, bibliografias e textos de vários autores como Gilberto Freire, Jorge Amado, Darcy Ribeiro.
Até 08 de julho, com entrada franca. (Al. Dr. Muricy, 915 Centro fone 41 3321-4786).
Gin Paraná Diana, Coordenadora de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba e Claudia Arioli, do Setor de Educação Patrimonial da mesma entidade, informam que a atriz Olga Romero está apresentando performance aos domingos, às 11:00h e 11:30h. na Casa Romário Martins, Largo da Ordem, com entrada franca. Integrada à exposição “Centro Histórico, espaços do presente e do passado”, a performance visa enfatizar o papel do patrimônio como instrumento de resgate da identidade cultural.