O Museu Oscar Niemeyer quebra a hegemonia paulista ao exibir uma notável coleção de obras de Alfredo Volpi, até aqui muito mais acessível ao público dos tradicionais museus dos grandes centros brasileiros, entre os quais os da própria cidade de São Paulo. 

  Indiscutivelmente, um patrimônio artístico paulistano, as 117 pinturas em exibição constituem uma significativa retrospectiva do pintor que declarava ser brasileiro seu coração. Selecionadas por meio de incansável trabalho de pesquisa elaborado meticulosamente pelo curador Olívio Tavares de Araújo, o conhecedor por excelência da obra volpiana, as pinturas representam meio século da produção do artista, do final de 1920 ao final de 1970.  
  Nascido na Itália, no distrito de Lucca, em 14 de abril de 1896, com apenas dois anos de idade, o artista veio com a família para o Brasil, onde o pai, Ludovico Volpi, abriu um pequeno comércio de queijos e vinhos. E foi no bairro do Cambuci, na capital paulista, que passou toda a sua vida. Ainda criança, começou a trabalhar como entalhador, encadernador e outras atividades manuais. Sempre valorizou o trabalho artesanal. Apesar de não ter se naturalizado brasileiro e de ter sido alfabetizado em italiano, mantendo um forte sotaque e ligação com a cultura do país natal, o artista visitou a Itália apenas uma vez, em 1950.

  Autodidata, foi em 1911 que ele começou a pintar. Há uma obra intitulada “Minha irmã”, pintada no final da década de 10, na qual ele já demonstra completo domínio da técnica, além de sua extrema sensibilidade como artista. Porém, em seu início, nas décadas de 20 e 30, ele pintava muito mais murais decorativos e ornamentos nas casas da sociedade paulista. Como afirma o curador: “Antes de ser um pintor de cavalete, Volpi era um pintor-decorador. Se ele entrou alguma vez nessas residências foi de tamanco e carregando baldes de cal, para trabalhar e não para conversas inteligentes e saraus.”
  No início dos anos 30, ele conheceu e veio a integrar o Grupo Santa Helena, assim chamado porque todos os participantes tinham como local de trabalho o palacete de mesmo nome. Eram seus participantes: Aldo Bonadei, Mário Zanini, Clóvis Graciano, Fúlvio Penacchi e outros, voltados para a observação, pesquisa e o desenvolvimento de técnicas apuradas.

  Na década de 40, através das “Paisagens de Itanhaém”, Volpi começou a delinear um novo caminho em sua pintura a óleo e na virada de 40 para os anos 50, passou a pintar em têmpera sobre tela. Utilizava uma tinta à base de água preparada por ele mesmo, assim como fabricava suas telas e pincéis. A maior parte das obras desta exposição foi produzida nessa técnica, que o artista não mais abandonou.
  Nos anos 50, Volpi já era um pintor respeitado, principalmente pelos críticos. Neste período passou para o abstracionismo geométrico e iniciou a série de bandeiras e mastros de festas juninas. Em 1954 recebeu o prêmio de “Melhor Pintor Nacional na 2ª Bienal de São Paulo” e, três anos depois, foi um dos integrantes da famosa “1ª Exposição de Arte Concreta”.

  Pintava preferencialmente fachadas de casarios e bandeirinhas que geometrizou, influenciado unicamente pela sua sensibilidade, e não no sentido de intelectualizar aspectos que eram explorados pelos artistas na época. A partir da década de 60, as bandeirinhas passaram a ser signos, formas geométricas de ritmos coloridos e iluminados.
  Embora não tenha feito parte de um dos momentos artísticos mais marcantes de nossa história, o pintor ítalo-brasileiro é considerado pela crítica um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Volpi morreu em São Paulo, aos 92 anos, em 1988.

  Esta é a primeira mostra individual de Volpi em Curitiba e é patrocinada pela Copel, com o apoio do Governo do Paraná e Ministério da Cultura. pode ser visitada, até 30 de setembro, no MON (R. Marechal Hermes, 999 Centro Cívico fone 41 3350-4400).

  Até 03 de agosto estarão abertas as inscrições para os artistas concorrerem ao“7  ú  Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia”. No total são R$190 mil em prêmios, abrangendo projetos inéditos em arte eletrônica e digital através de bolsas de fomento à produção e trabalhos realizados entre maio de 2005 e maio de 2007. Info.: www.premiosergiomotta.org.br