Dia a dia se descortinam outros rumos para as artes do século 21, devido principalmente ao constante desenvolvimento da tecnologia que possibilita cada vez mais rápido, diferentes meios de expressão artística.
O desafio perante o desconhecido é o que mais motiva os artistas visuais a explorar de todas as maneiras a mídia contemporânea.

E não é somente nas artes visuais que a tecnologia se mostra dominante. Além dos artistas plásticos e visuais, os designers, os arquitetos e até os que são somente curiosos dispõem hoje em dia de um espaço para novas abordagens nas interfaces do computador.

 Também a arquitetura e a conseqüente construção de um projeto concebido via computador, somadas a técnicas inovadoras em matéria de engenharia, ganham a cada dia que passa maior flexibilidade e capacidade de renovação como, acredito, nunca antes ocorreu na história de nossa civilização.

A arquitetura atualmente não é projetada – claro que estou usando retórica – ela voa. Cálculos de materiais como o uso de titânio nas edificações de Frank O. Gehry só se tornaram possíveis devido ao computador. Como resultado, temos o Auditório Disney, em Los Angeles, um projeto do mesmo arquiteto, e que, muita gente não sabe, foi primeiro prédio a empregar este tipo de metal, seguido do mais célebre museu do mundo, o Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
Por ser um material praticamente indestrutível, leve e que, depois de vergado é muito resistente em seu formato, o titânio ainda possui uma característica única: a interdependência direta com o local, pois ele vai mudando sua cor de prateado para tons acobreados de acordo com as intempéries do lugar onde está erigido, agindo como um organismo vivo, respondendo a estímulos, e tendo como território o momento atual, o presente.

Aliás, creio que esta questão da variação de cor da qual Frank O. Gehry se aproveita vem diretamente dos telhados de cobre que, nos Estados Unidos da América, bem como nos demais países frios do hemisfério norte, não permanecem acobreados, como o próprio nome diz, porém esverdeados – e num tom bem forte – devido ao clima. O fator que os torna bem diferenciáveis, além do peso do cobre e sua menor durabilidade, é que a interação do clima no titânio sempre o faz parecer uma superfície sutil e brilhante, ao contrário do cobre que apresenta uma superfície com aparência espessa e sem brilho, lembrando mais uma tinta que se tornou fosca.
Outro aspecto a ser comentado é a tecnologia que leva a arte ou a arquitetura em direção a horizontes nunca antes imaginados, ou é o trabalho do artista ou arquiteto?

Para a resposta, devemos nos lembrar que para tudo neste mundo – na arte e arquitetura também – existe correspondência e íntima inter-relação entre as diferentes áreas do conhecimento.  Assim, uma edificação do arquiteto canadense O. Gehry não poderia ser nem pensada se não houvesse a imediata colaboração de outras áreas, permitindo a troca de informações vitais para o desenvolvimento de um projeto. E o melhor de tudo é que este feed-back retroalimenta os dados que lhe são impostos gerando a cadeia de produção em tempo real.

  É aí que de modo paralelo, como na computação “ocorre a condensação de dados na operação em andamento, no presente, ou segundo os informatas, em tempo real; este conhecimento está em oposição aos estilos teóricos e hermenêuticos do passado. Por analogia com o tempo circular da oralidade primária e o tempo linear das sociedades históricas, poderíamos falar de uma espécie de implosão cronológica, de um tempo pontual instaurado pelas redes de informática”. (Pierre Lévy)

Por outro lado, nunca em tempo algum do passado, tudo foi tão transitório: informações, conceitos, estudos, pessoas, modas, comportamentos, materiais de construção, estão mudando continuamente em função da internet e da web.  
“O tempo pontual não anunciaria o fim da aventura humana, mas sua entrada em um ritmo novo que não seria mais o da história”.(Lévy).  Deste modo, no tempo presente e no contínuo desafio da velocidade, induzidos pelo computador, Albert Einstein com sua equação E = m c2, ou seja, a energia equivale à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado, incorporam-se definitivamente na arte, na arquitetura e na nossa vida.