Abre dia 15 de agosto, às 19h, na Torre de Fotografia do Museu Oscar
Niemeyer, a exposição “Índia – Quantos Olhos tem uma Alma”,
apresentando 60 fotografias em preto e branco de Marcelo Buainain.
Na ocasião, vai ter lugar o lançamento em Curitiba do livro do
fotógrafo, com título homônimo à exposição, com 120 páginas em
caprichada edição publicada em Lisboa, Portugal.
Esta coleção de fotografias, pertencente ao Acervo do Museu de
Fotografia Cidade de Curitiba, é cedida pela Fundação Cultural de
Curitiba, e ora apresentada ao público em montagem coordenada pela
Diretoria de Patrimônio Cultural daquela mesma instituição, sob minha
responsabilidade.
As fotos de Buainain são de 1997, 98 e 99 – anos em que o fotógrafo
viajou pela Índia e a coleção segue as diretrizes filosóficas e
documentais estipuladas pelo fotógrafo para sua exibição. Assim, ela é
dividida em seis módulos, de acordo com os conjuntos de fotografias
pertencentes a cada série. São eles: Kumbha Mela, Trabalho, Criança,
Sikhs, Varanasi, a última peregrinação e Retrato.
Kumbha Mela é o maior festival religioso que acontece na Índia a cada
12 anos, alternando-se entre as cidades sagradas de Haridwar,
Allahabad, Ujjain e Nasik; Varanasi se refere ao ritual de cremação ali
levado a efeito, às margens do rio Ganges. As fotografias dos Sikhs
foram tiradas na comemoração dos 300 anos de Khalsa, que significa
puro, nome dado a todos os Sikhs que são batizados ou iniciados numa
cerimônia chamada Amrit Sanchar. Estas séries regionais de fotos são
únicas e incomparáveis no mistério, encanto, fascinação, religiosidade
e drama que as lentes de Buainain captam.
As séries Trabalho, Retrato e Criança, apesar de mostrar situações e
personagens que se aproximam dos ocidentais, ainda assim, nos fazem
perceber, por um ligeiro desvio, quer seja nos trajes, quer seja em
pormenores, que a objetiva do fotógrafo não está no ocidente, e sim, na
exótica e maravilhosa Índia.
Nascido em 1962, em Campo Grande MS, Marcelo Buainain abandonou o 5º
ano de medicina, para se dedicar exclusivamente à fotografia, área em
que atua desde 1982. Como freelancer iniciou uma série de colaborações
editoriais para as revistas “Manchete”, “Veja”, “Isto é”; o jornal
“Folha de São Paulo” e para a revista espanhola de arte “El Paseante”.
Influenciado pela obra poética de Manuel de Barros, passou a se
dedicar à fotografia da natureza. Suas imagens coloridas do Pantanal
foram difundidas em publicações especializadas no Brasil e na Europa,
algumas delas acompanhadas de fragmentos poéticos da obra do poeta
mato-grossense. Com o apoio da Funarte e da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, o fotógrafo coordenou a primeira e segunda edições
da “Semana Campograndense de Fotografia”.
Em 1991, mudou-se para Paris, onde estudou a língua francesa,
pesquisou fotografia, comercializou imagens do Pantanal, captou a
capital da França em uma série de fotografias e também trabalhou em
laboratório fotográfico. Em 1992, fixou-se em Lisboa, colaborando como
freelancer para diversas publicações brasileiras e européias. Em
reportagens junto à jornalista Cristina R. Durán do “O Estado de São
Paulo” fotografou celebridades do cinema europeu para o “Caderno 2”
daquele jornal e para publicações européias, o que o levou a dedicar-se
ao portrait. Em 1997, começou na fotografia documental, viajando pelo
Brasil, Egito, Marrocos, Venezuela e Índia.
Em 1998, com o projeto “Índia – Quantos Olhos tem uma Alma” recebeu o
Prêmio Máximo de Fotografia atribuído pela “2ª Bienal Internacional de
Fotografia Cidade de Curitiba”. Esta premiação lhe possibilitou
dedicar-se durante um ano exclusivamente a seu projeto, abordando temas
do subcontinente asiático como o ritual de cremação, os refugiados
tibetanos em Dhuram Shala, os 300 anos de Khalsa (Sikhismo) e a cidade
de Calcutá, entre outros.
É esta a coleção de fotografias – um registro singular de aspectos da
Índia – que o Museu Oscar Niemeyer agora apresenta na Torre da
Fotografia.
Entre 1999 e 2000, durante sete meses e sob encomenda do Centro
Português de Fotografia, o fotógrafo realizou trabalho
sócio-etno-documental sobre a Bahia – projeto alusivo aos 500 anos da
chegada dos portugueses ao Brasil que, além do registro fotográfico,
lhe possibilitou a redescoberta de suas raízes brasileiras.
Buainain residiu desde 1994 em Portugal, agora mora em Natal RN e virá a Curitiba para a abertura e lançamento do seu livro.