Você não é velejador, nunca subiu num balão e tampouco tem férias intermináveis – nem US$ 50 mil no bolso – para navegar durante meses num luxuoso navio. Se, ainda assim, sonha com uma épica volta ao mundo, precisa conhecer a façanha do auditor Ricardo Contieri, de 27 anos. Desmitificando qualquer idéia romântica, ele deu a volta ao mundo em 35 dias – e com R$ 16 mil no bolso.

Não tem segredo: Contieri planejou a viagem com bastante antecedência, escolheu Estados Unidos, Japão, China, Coréia do Sul, Suíça e França como destinos e, o mais importante, comprou uma passagem aérea que dá direito a várias escalas mundo afora (leia mais abaixo). Essa é a maneira mais fácil e econômica de rodar o globo. Há outras, claro, como os cruzeiros de mais de cem dias de glamour cruzando oceanos.
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“Os cruzeiros de volta ao mundo são tradicionais e muito charmosos”, comenta Martha Koszutski, diretora da Pier 1, empresa que representa as principais companhias marítimas que têm esse tipo de programa. “Mas levam um passageiro diferenciado, com alto poder aquisitivo, que já viajou muito.”

Contieri embarcou sozinho no sonho de contornar o planeta, no ano passado. “Queria ir ao Japão e à China e, pelo preço, valia a pena comprar o bilhete de volta ao mundo.” E como valeu. Ele percorreu as estradas da Califórnia, dormiu num hotel cápsula de Tóquio, andou de trem-bala até Kyoto, assistiu à troca da guarda do palácio de Seul, viu Pequim pronta para a Olimpíada, conheceu Hong Kong e Macau e ainda saboreou um pouco da Europa.

Tudo isso com R$ 16 mil? “A dica é planejar antes”, diz. Segundo Contieri, a passagem aérea foi a parte mais cara (cerca de R$ 7 mil). “Não custa muito dormir em albergues nem comer bem na Ásia “

Muitos caminhos

Planejar, aliás, é a palavra de ordem da jornalista Cindy Wilk, que também deu uma volta no globo em 35 dias. “O planejamento já é uma viagem porque qualquer lugar do mundo é caminho.” Com a passagem aérea em mãos, ela percebeu que é muito fácil dar a volta ao mundo. “E nem é preciso ser velejador”, brinca.

Nas rápidas andanças, Cindy passou por China, Tailândia, Cingapura, Turquia, Tunísia e Londres. A experiência arrebatadora de conhecer diferentes culturas em tão pouco tempo vai virar livro. Em março, ela lançará A Volta ao Mundo em 101 Dicas, com histórias e dicas para lidar com imprevistos – Cindy estava a caminho da Indonésia quando ocorreu o tsunami.

Para quem vai fazer uma viagem rápida, a dica é visitar cidades turísticas. “É legal equilibrar o roteiro. Depois do caótico Egito, relaxe numa praia, por exemplo”, diz Cindy. A bagagem é um capítulo à parte. Não pode ser grande – lembre-se, você vai carregá-la -, mas precisa ter de tudo um pouco, já que há variação climática entre os destinos.

Cindy ficou tão fascinada que pretende dar outra volta ao mundo. Dessa vez, para comemorar os 40 anos da luta feminina. Ela embarcará em maio, com a jornalista Eliza Capai. “O tema será o papel da mulher em várias culturas.” O projeto (www saiapelomundo.com.br) também deve virar livro.

Infância

O casal Roy Rudnick, de 33 anos, e Michelle Francine Weiss, de 23, também deu sentido à volta ao globo. Eles decidiram ganhar a estrada – a viagem é feita em veículo off-road com motorhome – para documentar brincadeiras infantis na zona rural de diversos países. Eles partiram do Brasil há um ano e já percorreram 20 países, entre eles, Austrália, Malásia e Laos. Hoje, estão na Índia.

Quem tiver interesse em acompanhar o projeto ou mesmo conversar com o casal basta acessar www.mundoporterra.com.br. Eles ainda têm 100 mil quilômetros e 30 países pela frente. “Sempre tivemos o sonho de dar a volta ao mundo”, conta Michelle. “Tudo é possível, basta querer.”

E foi atrás de sonho semelhante que a jornalista Mariana Cacau, de 26 anos, decidiu fazer do mundo uma lua-de-mel. Em seis semanas, ela foi com o marido de Londres à Ásia, passando pela Ilha de Páscoa, no Chile, e Nova Zelândia. “Depois de passar por quatro continentes, descobrimos que o mundo é pequeno. Muito pequeno…