O Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa de ansiedade entre os jovens. Em apenas dez anos, os atendimentos no SUS relacionados a transtornos ansiosos cresceram 1.575% entre crianças de 10 a 14 anos e mais de 3.300% entre adolescentes de 15 a 19 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. O país já lidera o ranking mundial de pessoas com ansiedade, atingindo quase 10% da população.
A psicóloga Alexia Soares Montingelli Lopes explica que o aumento dos casos de ansiedade infantil está relacionado a mudanças no modo como as crianças têm vivido e se relacionado com o mundo ao redor.
“O transtorno de ansiedade em crianças tem causas multifatoriais, mas hoje observamos que ele é agravado principalmente pela exposição constante a conteúdos muito rápidos, com respostas imediatas e recompensas fáceis. Esse tipo de estímulo, comum nas redes sociais e plataformas digitais, contribui para a redução da tolerância à espera e da capacidade de lidar com frustrações”, explica a professora do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação.
Segundo a psicóloga, o excesso de estímulos digitais também interfere nas habilidades cognitivas e socioemocionais. “O mundo digital oferece uma sequência veloz de emoções e informações, isso mantém as crianças em estado constante de alerta e as torna mais sensíveis à frustração. Elas passam a buscar estímulos contínuos e têm mais dificuldade de se concentrar, brincar livremente e lidar com o tédio, aspectos essenciais para o desenvolvimento psicológico saudável”, destaca.
O que acontece no cérebro infantil
A saúde emocional das crianças depende do equilíbrio de dois compostos essenciais: o cortisol e a dopamina. O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, é produzido naturalmente em situações de pressão física ou emocional. Ele ajuda o corpo a reagir a desafios, aumenta o estado de alerta e regula o metabolismo, mas o excesso pode ter efeitos devastadores.
“Quando o cortisol está constantemente elevado, a criança apresenta distúrbios do sono, lapsos de memória e até dificuldades de aprendizado e comportamento”, explica a biomédica Yasmin Carla Figueiredo, coordenadora do curso de Biomedicina do UniCuritiba.
Já a dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação, é responsável pela sensação de conquista e pela vontade de aprender. Quando equilibrada, ela estimula o engajamento nas atividades escolares e sociais. No entanto, seu desequilíbrio pode resultar em apatia, desmotivação ou impulsividade.
Na biomedicina, esse binômio é chamado de “equilíbrio cortisol-dopamina”. O cortisol adequado somado à dopamina suficiente resulta em uma criança resiliente, curiosa e emocionalmente estável. O problema é quando o cortisol está alto e a dopamina baixa. Nesse caso, há um risco aumentado de ansiedade, tristeza, baixo rendimento escolar e isolamento social.
Como a biomedicina preventiva pode ajudar
A biomédica Yasmin Carla Figueiredo explica que já é possível monitorar biomarcadores de cortisol e dopamina em exames simples de sangue. “Esse acompanhamento permite detectar precocemente desequilíbrios hormonais e adotar medidas antes que se tornem doenças mentais crônicas.”
Além do monitoramento por meio de análises clínicas, outras estratégias de prevenção são importantes, como rotinas regulares de sono, tempo limitado de telas, prática de esportes, alimentação balanceada e estímulos lúdicos, como brincadeiras ao ar livre e interações sociais reais.
“Por muito tempo, acreditamos que a infância era uma fase naturalmente imune ao estresse. Hoje, a ciência mostra o contrário: o cérebro infantil é altamente sensível aos desequilíbrios emocionais e neuroquímicos”, alerta a professora do UniCuritiba.
Para a psicóloga Alexia S. M. Lopes, o Dia das Crianças é uma oportunidade para repensar a rotina familiar. “Mais do que presentes, as crianças precisam de presença. Momentos de afeto, convivência e brincadeiras sem pressa ajudam a reduzir o ritmo acelerado da rotina e fortalecem o vínculo emocional com os cuidadores.”
Segundo a professora, isso não significa que a criança não possa ganhar um presente, mas que o valor real está no gesto de partilha. “Se o presente vier acompanhado de carinho, como pais ou responsáveis brincando junto, participando daquele momento, ele se torna muito mais significativo e contribui para o bem-estar emocional”, afirma.
A biomédica Yasmin Carla Figueiredo concorda e completa: “Cuidar da saúde emocional das crianças é investir no futuro. O cérebro delas está em formação e é agora que precisamos protegê-lo.”
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