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Foto: Luiz Pacheco/FCC

Aulas gratuitas de danças urbanas realizadas pela Fundação Cultural de Curitiba foram idealizadas com o intuito de instruir crianças e adolescentes, mas encontrou mais adesão com o público 60+.

A tendência se manifestou de forma orgânica como um movimento de inclusão e cidadania.

Juventude e maturidade

O professor Raphael Fernandes de Souza, o Rafa, como é conhecido, se surpreendeu com a adesão do público mais velho. “Abrimos essa turma pensando em pessoas entre 7 e 17 anos. Só que não foi isso que aconteceu, foi justamente o oposto, e agora minha aluna mais nova dessa turma tem 62 e a mais velha 76″, fala.

Elas chegaram tímidas, primeiro cinco, depois quatro, depois seis… agora são 24 mulheres com mais de 60 anos. “E estão vindo mais”, conta o professor. A procura foi tanta que o projeto oferecido pelo Núcleo Regional da FCC em parceira com a Casa Hoffmann precisou se dividir em duas turmas: uma master, às 14h, e outra juvenil, às 15h.

Se no Teatro da Vila, na CIC, Rafa aplica o “alfabeto do corpo urbano” com crianças e adolescentes, no Tatuquara a proposta ganhou uma nova roupagem. 

“Aqui o trabalho é descobrir o corpo e o movimento, trabalhar coordenação, ritmo e memória. Quanto mais movimento eu produzo, mais vida e mais felicidade”, fala o professor.

Dança como amizade e superação

Para Nadir Maria Xavier, de 69 anos, a dança é um reencontro com a alegria. Ela experimentou a aula pela primeira vez mesmo morando no Capão Raso, e se apaixonou. “Eu me aposentei já faz 20 anos e ainda trabalho, mas aqui é hora de lazer. Eu amo dançar”, afirma.

A colega Clayde de Paula Machaf Santos, aos 74 anos, reforça que as aulas vão além da técnica. “É mais diversão do que aula porque a gente faz amizade, conversa, cria vínculos e isso é muito bom”.

Já Vânia Maria Gregorovicks, com 71 anos, é considerada a “embaixadora” do grupo. Liderança comunitária, ela trouxe diversas amigas para a aula. “Eu sempre dancei, desde as festas de família no interior. Agora que sou viúva, a dança pra mim é amizade e também voluntariado”, conta.

As aulas também têm desdobramentos fora da sala. As turmas já se preparam para apresentações em eventos da comunidade e para participar das atividades do Circuito de Dança dos Bairros, integrando cultura e cidadania.

“As apresentações motivam, quebram barreiras com o público e fazem parte do processo pedagógico. No Tatuquara, ver mulheres com mais de 60 anos ocupando o hip-hop mostra como a dança é para todas as idades”, afirma Rafa.

Serviço

Danças Urbanas no Tatuquara

Local: Rua da Cidadania do Tatuquara (Rua Olivardo Konoroski Bueno, 563)

Todas as terças-feiras

14h às 15h – Turma Master (60+)

15h às 16h – Turma Juvenil (7 a 17 anos, mas outras idades são aceitas)

Classificação: livre