Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelam que nos últimos anos o percentual de mulheres solteiras com diploma universitário aumentou de 20% para 30%. Outras pesquisas revelam ainda que as mulheres conquistaram sua independência, foram em busca dos seus objetivospessoais e profissionais e agora, depois dos 30, acreditam que é a horacerta de começar, ou mesmo recomeçar, a construir a vida ao lado de umcompanheiro.

Ao deixar o casamento para mais tarde, elas se tornam maismaduras para o relacionamento, mas também assumem um risco real – adificuldade de encontrar um parceiro. O nível de exigência de umamulher profissionalmente ativa na faixa de 30 a 45 anos é muito maior,além de os homens na mesma faixa estarem procurando companheiras maisnovas. Tudo isso, em um universo em que as mulheres bem-sucedidas sãoexploradas na mídia como verdadeiras atrapalhadas na vida amorosa.

 A pedagoga e diretora da Consultoria em Relações Humanas e Agência de Casamentos Par Ideal, Sheila Chamecki Rigler, ajuda a entender o fato. À frente da empresa há 14 anos, ela vem acompanhando a mudança do perfil destas mulheres, que hoje representam 54% de sua clientela. “Elas são bonitas, dinâmicas, inteligentes e independentes. Por isso, querem, no mínimo, alguém com o mesmo nível delas, inclusive financeiro”, explica.

Além do fator sociocultural é preciso lembrar que os homens na faixa de 40 anos buscam geralmente uma mulher mais nova. “Muitas vezes o homem de meia idade deixa de conhecer pessoas interessantes em função dessa preferência. É importante estar atento a outras possibilidades, pois uma grande companheira pode estar escondida em outra faixa etária, o que não muda em nada a intensidade do relacionamento”, explica Sheila.

A administradora de empresa, Paula*, de 37 anos, é um exemplo deste novo perfil de mulher. Preocupada em se estabilizar profissionalmente, foi deixando de lado os planos do casamento para se dedicar à profissão. Porém, não encara isso como um problema. “Hoje sou muito mais independente e não preciso me preocupar tanto com a questão financeira. Isso me dá mais liberdade e espaço para viver um grande amor”, afirma. Recorrer a agência de relacionamento se tornou uma opção bastante viável para estas mulheres que não têm tempo e paciência para a paquera – muitas vezes frustrada, em bares e boates. “A agência facilita na busca de um parceiro dentro do perfil que procuro, é como se fosse um filtro personalizado. Acho muito difícil e até arriscado buscar alguém na internet. Também não acredito em encontrar alguém para um relacionamento sério na balada”, explica Paula.

A psicóloga da Par Ideal, Bárbara Snizek, alerta para outro agravante na busca por um parceiro. “Somos constantemente bombardeados pelo estereótipo da mulher madura profissionalmente e atrapalhada na vida afetiva. Mas isso não passa de um mito” afirma. “Fracassos na vida amorosa não significam inaptidão afetiva, mas podem estar relacionados a uma exigência mais apurada e a uma recusa em viver relações não satisfatórias”, explica Bárbara, que acredita que padrões frequentemente divulgados na mídia, como os do seriado “Sex And The City”, por exemplo, podem assustar os homens.

A boa notícia para os eles é que existe uma legião de mulheres interessantes à procura de um parceiro. Crises e problemas não são exclusividade de uma idade, mas inerentes ao envolvimento dos casais. Elas estão dispostas a oferecer mais tempo e dedicação agora que a ansiedade por estabilidade profissional e financeira já estão mais estabilizadas. Para que os que também estão com dificuldade de encontrar uma parceira, fica a dica – talvez você esteja enxergando estas mulheres de maneira equivocada ou no lugar errado.