Brasil é o segundo país onde jovens perdem a virgindade mais cedo

Jovens brasileiros são os que mais usam preservativos, diz pesquisa

Agência Estado

O Brasil aparece em segundo lugar no ranking dos que perdem a virgindade mais cedo, com 17,4 anos, em média. O País fica atrás apenas da Áustria, onde a primeira relação sexual acontece com 17,3 anos. Por outro lado, apesar da precocidade, os jovens brasileiros usam cada vez mais preservativos e aparecem em sétimo lugar nesse quesito. “A boa notícia é que o uso do preservativo está aumentando, mas não tanto como (instrumento de) planejamento familiar, mas por uma política eficiente de prevenção ao HIV/ Aids, disse o coordenador da pesquisa realizada com 26 mil entrevistados, em 26 países, o cientista em saúde pública da Johns Hopkins University, Miguel Fontes.

Esses resultados divulgados hoje fazem parte do estudo “A Face Global do Sexo – Primeira relação sexual: uma oportunidade para toda a vida” realizado pela Durex, fabricante européia de preservativos. A primeira parte da pesquisa, sobre satisfação sexual, foi divulgada em abril.

“Outro dado significativo que observamos, mas que não aparece no relatório, é que 80% dos brasileiros guardam boas recordações da primeira relação sexual, o que faz com que o País apareça em primeiro lugar nesse quesito”, lembrou Fontes.

Na média mundial, 42% das mulheres e 32% dos homens reportaram sentimentos negativos sobre a primeira vez.

O estudo analisou 13 variáveis para saber quais influenciavam contra ou a favor do uso de contraceptivos. Verificou-se que o gênero, idade, condição social, educação, idade da primeira relação, se houve planejamento, o status do relacionamento e a espontaneidade foram fatores determinantes.

Na faixa etária entre 16 e 19 anos, três quartos dos jovens usam preservativos na primeira relação. “É mais fácil, não exige planejamento e também previne doenças sexualmente transmissíveis”, explicou Fontes. Em comparação, entre 25 e 34 anos, apenas 33.6% das pessoas usam camisinha.

As mulheres previnem-se 25% a mais que os homens, mesmo percentual dos que possuem ensino superior em relação aos que não tem. Abaixo dos 16 anos, a tendência é se prevenir menos, acima dos 24 também.

Quando a primeira relação é planejada, desejada e acontece entre casais com relacionamento afetivo, o percentual de uso de contraceptivos também aumenta. “A pesquisa mostra que falar abertamente sobre sexo com os pais, outros integrantes da família ou com o parceiro tem uma influência positiva no uso de contraceptivos”, disse Fontes.

Segundo ele, isso pode explicar porque o Brasil, apesar de ser um País onde os jovens iniciam a vida sexual mais cedo do que a maioria, também é um dos que possui o uso de preservativos mais disseminado. Quando se tira a camisinha dos itens de contraceptivos, o País cai de sexto para 15º no ranking.

As mulheres tendem a perder a virgindade mais cedo do que os homens,. Na média mundial, a primeira relação sexual delas acontece aos 18,9 anos, enquanto a deles fica na média de 19,5.

Fontes elogiou a iniciativa de se elaborar uma política de planejamento familiar no governo Lula, que foi lançada no mês passado. Mas disse que isso só não basta. “É preciso que as ONGs a imprensa, a sociedade de um modo geral, se engajem nessa causa, como aconteceu com a Aids. A política de prevenção ao HIV só foi um sucesso quando deixou de ser apenas uma política do governo e entrou na agenda pública”, analisou o pesquisador.