Ceratocone é a principal causa de transplantes de córnea no Brasil

Redação Bem Paraná
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Foto: Divulgação

O estudante de Curitiba Pietro Santos Moreira, de 10 anos, começou a se incomodar demasiadamente com a dificuldade na leitura. Passou por uma oftalmologista que percebeu algo errado com sua córnea e receitou um colírio para a coceira persistente, pediu alguns exames complementares e retorno em três meses. Ao perceber que a coceira havia passado com o colírio, Katlen Amanda Santos, mãe de Pietro, deixou os exames para fazer em outro momento. Passados alguns meses, Pietro precisou refazer a lente dos óculos, porque não estava enxergando bem, mas a mudança de grau foi muito grande e alarmou a mãe, que foi então novamente encaminhada para um especialista. Foi então que veio o diagnostico: Ceratocone estágio 3 no olho direito e estágio 4 no esquerdo. No nível 5 já seria necessário o transplante. “Pense no baque que senti sabendo da gravidade”, diz Katlen.

O Ceratocone é uma doença que dificulta a visão tanto de perto quanto de longe, por uma irregularidade na córnea causada em grande parte por uma questão comportamental ligada a coceira demasiada no olho devido a alergias como a renite alérgica. No Brasil, ela afeta 150 mil pessoas por ano, entre 10 e 25 anos, e é a principal causa de transplante de córnea no país. “É uma doença de caráter progressivo e pode piorar com o passar do tempo. Atualmente, existem várias terapias para não chegar ao transplante, como o Crosslinking, tratamento utilizado no caso do Pietro”, explica o oftalmologista do Instituto de Oftalmologia de Curitiba, Miguel Razera Simões de Assis, que é especialista em pacientes portadores da doença.

O Crosslinking é um procedimento cirúrgico que visa aumentar a resistência da córnea e retardar ou bloquear a evolução do Ceratocone. Considerado minimamente invasivo, o procedimento dura cerca de uma hora e, após a cirurgia, o paciente deve usar um colírio antibiótico por cerca de sete dias e um colírio anti-inflamatório por aproximadamente um mês, além de suplementação de algumas vitaminas. “Baixa de visão e dificuldade de enxergar ao entardecer podem ser alguns dos sintomas, mas, por ser uma doença que acomete os olhos de maneira irregular, o paciente pode demorar a percebê-los, por isso, a importância da rotina de consultas de pelo menos uma vez ao ano no oftalmologista, com indicação a partir da primeira infância”, enfatiza Miguel Assis.

Ao compartilhar sua história, Katlen espera sensibilizar os pais sobre a importância de realizar exames no tempo correto solicitado pelo médico. “Talvez se tivesse ido fazer o exame logo na primeira vez que a primeira oftalmologista solicitou, a doença não teria se agravado tanto”, reflete a mãe.

Pietro continua em tratamento, mas já consegue ler seus livros e melhorou seu desempenho escolar e na vida pessoal.