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Como é diferente o Natal em Portugal

Por Dayse Regina Ferreira

O poeta colocou em música a frase Como é diferente o amor em Portugal. Dá para dizer o mesmo do Natal, que se mantém há séculos na tradição essencialmente cristã. Claro que nas grandes cidades é difícil evitar influências externas. Mas o povo procura retornar às origens, mantendo tradições que já atravessaram muitas gerações.

As festas começam às vésperas do Natal e seguem até o Dia de Reis. E o Natal começa com a Missa do Galo, rezada à meia noite do 24 de dezembro, uma comemoração familiar que se estende pelo resto do dia.

Dirk Brzoska/divulgação

Mais tradicional do que no resto da Europa, o Natal de Portugal celebra raízes da cultura cristã há séculos

Há todo um preparo anterior, com as novenas e as fogueiras na lareira da família, enquanto o madeiro do Natal é recebido festivamente na entrada da povoação, queimado em público no adro da igreja ou na praça, um fogo simbólico que remonta ao início do mundo.

As consoadas servem para reunir as famílias, reunindo os vivos que relembram os mortos. Nas casas é comum o presépio , que também é atrativo nas igrejas das grandes cidades ou das aldeias. Uma festa que só termina no Dia de Reis, treze dias depois. Presépio, autos de Natal e de Reis, pstoradas, janeirase cantos dos reis, tudo tem unidade, tudo é manifestação cristãs, tudo lembra Belém.

Dayse Regina Ferreira

A boa mesa portuguesa, com certeza

Quando faltam nove dias para o Natal, começam as novenas do Menino, que o povo reza antes de cada um seguir para o trabalho, enquanto o padre ensina os mistérios do nascimento de Cristo . Cantos apropriados embalam a madrugada. Em alguns lugares as novenas acontecem ao anoitecer. Mas a devoção é a mesma.

Próximo do Natal acontecem as feiras do mel, ligadas a outras feiras do mês, quando os púcaros, as talhas, os cangirões, os potes transbordam de mel puro. Nas casas o ponto de encontro de todos é em torno das cozinhas, onde o mel é utilizado em bolos, broas, broinhas, filhós, rabanadas. Já a consoada requer inúmeros cuidados: começando pela escolha da melhor toalha de linho, as melhores louças, que devem reluzir nas mesas. Na hora certa, todos seguem para a capela ou a igreja, para a missa e a ceia tão esperada. Nos dias que se seguem ao Natal, é preciso percorrer as igrejas, admirando os presépios, desde São Francisco de Assis até o das grandes catedrais.

Dayse Regina Ferreira

Uma mesa bonita faz parte da tradição natalina em Portugal

Junto com as festas de Natal surgem as Janeiras, os Reis e os Autos Pastoris. No 31 de dezembro à noite , e no dia 1º de janeiro, grupos de adultos, jovens e crianças vão de porta em porta, entoando loas ao Menino Jesus e louvores aos moradores, pedindo o que chamam de festasou janeiras. Autos pastoris ou colóquios, são pequenos atos teatrais ou monólogos, que revivem o Presépio ao vivo. Uma tradição que, de religiosa, acabou em representação profana.

A Ceia de Natal é tradição em Portugal, mas varia de região para região. No norte a ceia inclui bacalhau, couve, polvo, rabanadas, aletria doce, castanhas, pinhões, figos, nozes e Vinho do Porto. No Alentejo a festa do Natal é preparada com antecedência e começa com a matança do porco, carne que tem papel principal na ceia.

Dayse Regina Ferreira

Os hotéis como o Pestana Palace de Lisboa, organizam jantares e almoços natalinos para que seus hóspedes conheçam algumas tradições portuguesas da estação

Em todas as províncias, após a consoada, o almoço do Dia de Natal é a refeição mais importante da época. Em Trás-os –Montes e Alto Douro, o doce principal é Migas Doces do Natal (Valpaços). Entre Douro e Minho, reina o Bacalhau de Consoada. Na Beira Baixa, são destaque os Filhózes e na Beira Litoral, as Broinhas de Natal. No Ribatejo, o Bolo-Rei e no Alentejo, o Peru Recheado (Elvas).

No Algarve são servidos os Filhós de Natal e na Madeira, a Carne Assada, enquanto nos Açores a festa é em torno do Bolo de Natal. É claro que a gastronomia dos Açores é das mais ricas, com pratos de carne ao lado de peixes, mariscos, sobressaindo a lagosta. Os doces tradicionais de região, o queijo da ilha de São Jorge, o ananás doce e sumarento de ilha de São Miguel, o vinho aperitivo do Pico, que já fez sucesso até na mesa dos czares, o vinho branco e a aguardente da Graciosa,o verdelho dos Biscoitos, da Terceira garantem qualquer festa. Portugal é sempre uma viagem de volta ao passado, de arte, de tradições. E de boa mesa, é claro.

Divulgação

A boa mesa de Portugal, uma atração durante o ano todo, tem destaques no Natal