
Em abril, Mês da Conscientização do Autismo, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as instituições de ensino focam no incentivo a práticas inclusivas em diversos espaços. Segundo o Censo Escolar de 2024, as instituições de ensino brasileiras têm avançado no reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em 2023, foram identificados 636.202 estudantes com TEA. Já em 2024, esse número saltou para 918.877, um aumento de quase 300 mil alunos.
Diante desse cenário, torna-se essencial refletir sobre as necessidades de cada aluno em sala de aula e adotar estratégias de ensino que promovam um ambiente mais acolhedor e inclusivo. A seguir, reunimos quatro dicas para ajudar nessa melhora educacional.
1- Mantenha a atenção com alunos típicos
Os alunos típicos têm um papel crucial no processo de formação de um ambiente que acolhe a diversidade. Ao compreenderem as características do autismo, os estudantes se tornam aliados importantes na construção de um ambiente mais inclusivo, respeitoso e empático. “É fundamental sensibilizar os alunos para o que significa ser uma pessoa com autismo, incentivando atitudes inclusivas e contra o bullying”, explica Gabriela Neves, psicóloga da FourC Bilingual Academy.
Para isso, é importante que a comunidade escolar se atente à adaptação de suas estruturas físicas, disciplinares e metodologias aplicadas. “As escolas precisam estar preparadas para promover a inclusão de forma eficaz, com a ajuda de especialistas e com uma estrutura que suporte a diversidade”, esclarece Gabriela.
2- Invista na formação contínua dos educadores
É fundamental que professores e equipe pedagógica sejam capacitados para identificar as necessidades específicas dos alunos autistas, aplicando estratégias de ensino individualizadas e promovendo um ambiente de respeito e colaboração.
A capacitação constante dos profissionais de educação e a colaboração entre escola, família e os profissionais que atendem a comunidade escolar como um todo, são fundamentais para superar essas barreiras. “O Transtorno do Espectro Autista é vasto e cada criança possui necessidades específicas. Isso exige uma abordagem personalizada, com adaptações curriculares e de avaliações, além de um ambiente adaptado para garantir o bem-estar e a aprendizagem de todos”, explica Gabriela.
3-Adapte os espaços físicos
Um dos pontos centrais é a adaptação dos espaços físicos para tornar a escola um ambiente seguro e confortável. A inclusão vai muito além de permitir a presença de alunos autistas na escola, trata-se de criar um espaço onde todas as crianças se sintam compreendidas, seguras e acolhidas.
Segundo Claudia Peruccini, gerente pedagógica da Red Balloon, “incluir é compreender as necessidades individuais de cada aluno e criar estratégias que respeitem seu ritmo e suas habilidades. Quando conseguimos adaptar o ambiente e a metodologia de ensino, a criança se sente valorizada e parte integrante do grupo”.
Claudia sugere a criação de áreas de autorregulação, onde os alunos possam se retirar em momentos de sobrecarga sensorial, além de tornar as salas de aula mais previsíveis e organizadas para minimizar o desconforto causado por estímulos externos.
4- Esteja em parceria com a família
Para que as crianças com TEA tenham um ensino efetivo e adaptado, a parceria com as famílias faz toda a diferença. Peruccini explica que “é preciso que escola e família caminhem juntas. Quando criamos uma rede de apoio consistente, conseguimos promover um aprendizado mais natural e saudável para os estudantes no espectro”.
A criação de um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo requer mais do que boa vontade: exige planejamento, formação continuada, escuta ativa e uma rede de apoio sólida. Especialistas reforçam que, com ações práticas e trabalho em conjunto, é possível garantir que crianças com TEA tenham acesso a uma educação de qualidade, com respeito às suas individualidades.